Sem grande alarido, está em funcionamento a primeira e-auto-estrada do mundo. Fica na Suécia, a norte de Estocolmo, a única estrada electrificada do planeta, apesar de a sua extensão não ultrapassar os 2 km.

Este é um projecto experimental suportado pelo governo sueco, para além da Scania, que produz os camiões, e da Siemens, que monta a rede eléctrica. Se bem que para a actual fase de testes esteja prevista uma duração de dois anos, a verdade é que, após os primeiros quatro meses, a e-auto-estrada já tem clientes.

A solução não é propriamente sofisticada ou surpreendente. Pelo menos para lisboetas e portuenses, para além de um conjunto de outras cidades portuguesas, onde abundam eléctricos ou trams, aqueles autocarros ligados aos cabos eléctricos suspensos – a catenária – através de um pantógrafo. Pois foi exactamente isto que passou pela cabeça dos técnicos da Scania e da Siemens, a braços com o excesso de poluição que o transporte de mercadorias produz em camiões com motores a gasóleo.

A Siemens electrificou uma parte da auto-estrada E16, próximo de Gäyle, e a Scania transformou alguns dos seus camiões, que passaram a ser híbridos. Mais precisamente, passaram a funcionar como eléctricos com extensor de autonomia, pois o motor diesel apenas acciona um gerador de energia eléctrica, de forma a recarregar uma pequena bateria – pequena, leve e barata, para um camião, é claro –, mas é um motor eléctrico que verdadeiramente faz mover o camião. Acha difícil que um motor eléctrico possa mover um veículo com dezenas de toneladas? Basta pensar que os imensos porta-aviões e submarinos que diariamente atravessam os oceanos recorrem a motorizações eléctricas e, se alguns utilizam motores diesel como geradores, outros até se socorrem de reactores nucleares para produzir electricidade.

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Na Suécia, os camiões híbridos têm reservada uma faixa com catenária e o objectivo é deslocarem-se em fila e a determinada velocidade, para optimizar o fluxo de tráfego. Mas as ultrapassagens não estão proibidas, antes pelo contrário. Basta que o condutor faça baixar o pantógrafo, para se desligar dos cabos eléctricos – o que acciona imediatamente o motor diesel –, mude de faixa para concretizar a ultrapassagem, procedendo depois à operação inversa quando regressar à faixa original.

Segundo os impulsionadores do projecto, o transporte de mercadorias em faixas electrificadas incrementa a eficiência energética em mais de 80%. Um camião de 40 toneladas poupa cerca de 20.000€ em cada 100.000 km percorridos e um veículo com 60 toneladas pode reduzir a sua conta de combustível em 75.000€ ao fim de 200.000 km. Para um país como a Alemanha, seria possível poupar 6 milhões de toneladas por ano de CO2, caso apenas 30% da frota de pesados de mercadorias recorresse a esta solução.

Para além da Suécia, que investiu no sistema Scania/Siemens e está apostada a deixar de depender de combustíveis fósseis nos transportes a partir de 2030, posicionando-se desde logo como um dos principais clientes para esta tecnologia, há igualmente interesse da Alemanha e até do outro lado do Atlântico, na Califórnia. Mas tudo indica que o número de potenciais clientes desta solução vai aumentar rapidamente, especialmente se as conclusões finais do período de testes se revelarem tão positivas quanto os primeiros indicadores.

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