George Washington teve a missão de dar o primeiro passo para uma América independente. Abraham Lincoln foi o rosto da luta pelos direitos civis. Theodore Roosevel enfrentou sismos e furacões mortíferos. John F. Kennedy levou a humanidade à Lua. George W. Bush foi assombrado pela ameaça terrorista. São 227 anos de Constituição norte-americana e 43 presidentes a liderar o país mais poderoso do mundo. O 44º foi decidido durante a última madrugada. Antes é tempo de olhar para trás, fazer um balanço à História e descobrir quem honrou melhor (e pior) a bandeira da Velha Glória.
Para chegar a conclusões, a BBC Mundo pediu a opinião de dois especialistas: Iwan Morgan, especialista em História dos Estados Unidos pela Universidade Colégio de Londres, e David C. Eisenbach, especialista em História presidencial da Universidade de Columbia. Curiosamente, as suas três primeiras escolhas coincidem com as feitas em 2010 por 47 historiadores inquiridos pelo Instituto para os Estudos das Américas.
Os melhores
Franklin D. Roosevelt (1933-1945) esteve à frente dos Estados Unidos durante doze anos e o número fala por si: é considerado por muitos o melhor presidente que alguma vez geriu o país, muito graças às decisões tomadas em relação à economia pós-Grande Depressão e à participação norte-americana na II Guerra Mundial. Foi um rosto da esperança para os americanos, cujos bolsos estavam vazios e o patriotismo parecia enfraquecido depois de uma década difícil. Para os especialistas, Roosevelt acertou ao aceitar o “New Deal” e também marcou pontos ao manter os militares longe dos conflitos enquanto ganhava dinheiro fornecendo as armas.
Abraham Lincoln (1861-1865) também é visto como um herói nacional porque manteve os Estados Unidos da América unidos numa época social bastante conturbada. Quando assumiu a sua intenção de abolir a escravatura, os estados da Confederação declararam a sua separação do resto do país dando o primeiro passo na Guerra da Secessão (1861-1865). Mas todos os passos dados por Lincoln foram em nome de um acordo de paz que os voltasse a unir. E isso custou-lhe a vida.
George Washington (1789-1897), como não podia deixar de ser, é uma das escolhas dos especialistas por ser um dos pais fundadores do país e o primeiro a liderá-lo. Foi o único a vencer em todos os estados norte-americanos, sem nunca ficar associado a nenhuma ideologia política. Foi o rosto de “uma nova ordem constitucional” e impôs a regra de que um mandato só podia durar quatro anos em nome da justiça política. Na economia também fez História: fundou o Banco Nacional, um pilar do desenvolvimento económico dos Estados Unidos.
Os piores
George W. Bush (2001-2009) leva uma das medalhas de latão por ter colocado o país numa guerra com o Afeganistão, que na opinião dos especialistas não representava ameaça aos Estados Unidos. Os movimentos extremistas do Médio Oriente ainda têm em mente as decisões que tomou do outro lado do Atlântico, pelo que Bush é para eles o verdadeiro culpado da luta que travamos agora contra organizações como o Estado Islâmico. Além disso, o país viveu em crise económica durante o seu mandato, a pior desde a Grande Depressão.
Andrew Johnson (1865-1869) é a verdadeira antítese de Lincoln, adjetivado pelos entrevistados da BBC como “o mais racista de sempre”. O seu objetivo sempre pareceu ser preservar os Estados Unidos brancos em termos raciais, sublinhando os direitos deles em detrimento dos direitos dos negros. Foi o primeiro presidente acusado de violar a lei quando despediu funcionários governamentais sem o parecer do Congresso, mas nunca foi declarado culpado.
James Buchanan (1857-1861) nunca teve mão firme no que respeita aos eventos pré-Guerra Civil e nunca se impôs perante a saída da Carolina do Sul do Congresso. John Tyler (1841-1845) também não enche as medidas dos especialistas, porque parecia concentrar-se apenas em obedecer às vontades dos estados do sul do país, o que prejudicou “a integridade dos Estados Unidos” e que contribuiu ainda mais para no aumento d a escravatura no país.