A falta de manutenção dos portos de pesca de Olhão e Quarteira, no Algarve, está a afetar as condições de segurança e trabalho dos pescadores, com as associações do setor a reivindicarem mais investimentos à entidade responsável, a Docapesca.
No caso do porto de Quarteira, no concelho de Loulé e um dos mais movimentados da região, a associação Quarpesca aponta problemas no cais 6 – que está partido desde 2010 e nunca foi alvo de reparação -, nas vedações, no escoamento de esgotos da lota e numa das duas câmaras de gelo, que está avariada.
“Pelo conhecimento que temos, a Docapesca aqui em Quarteira até tem lucro e ficamos um pouco indignados porque não existe verba para reparar a vedação e outros problemas”, disse à Lusa o dirigente da Quarpesca, Hugo Martins.
O Porto de Pesca de Quarteira, pela sua localização central, é um dos mais movimentados do Algarve (distrito de Faro), acolhendo os pescadores locais, mas também muitas embarcações de sotavento e barlavento e de outras zonas do país. “No verão temos elevado tráfego de embarcações no porto de pesca”, observou Hugo Martins, assegurando que a reparação do cais 6 é fundamental para dar resposta à afluência registada.
A avaria na câmara de gelo está a afetar o trabalho dos pescadores e, segundo o dirigente da associação, o gelo está a ser racionado só para o peixe dentro da lota, ficando os pescadores sem provisão de gelo para acondicionar o peixe no mar. “Estou a referir-me a este [porto], mas sei que nos outros se passa um pouco o mesmo”, referiu.
As preocupações são partilhadas pelo dirigente da associação Olhãopesca, Miguel Cardoso, que denunciou que em Olhão existem pontões em risco de ruir e faltam segurança para pescadores e barcos, iluminação e desassoreamento do porto. Em outubro, o cais da zona oeste do Porto de Olhão, conhecido por cais da sardinha da lota antiga, teve uma derrocada parcial.
Contactado pela Lusa, o conselho de administração da Docapesca confirmou a existência de problemas no cais 6 do Porto de Quarteira e adiantou que está previsto um investimento para aquela estrutura, entre 2017 e 2020, na ordem dos 975 mil euros. “Atendendo à necessidade que esse cais tem para a acostagem das embarcações de maior dimensão, a Docapesca tem previsto no plano de investimentos específicos para 2017-2020, a construção de um novo cais com uma solução construtiva de maior robustez, orçado em 400 mil euros”, explicou a empresa estatal.
O plano para o Porto de Quarteira prevê ainda o investimento de 425 mil euros na reabilitação dos sistemas de captação, na bombagem e distribuição de água salgada, no sistema de tanques de água, na rede de água doce e de incêndios e em outras intervenções no edifício da lota e comerciantes. Segundo a Docapesca, a vedação do porto será substituída em 2017, estando já em curso um trabalho conjunto com a Junta de Freguesia de Quarteira para corrigir os troços que estão em pior estado.
No caso do Porto de Olhão, a Docapesca esclarece que duas empresas especializadas em infraestruturas como os cais de atracagem estão a fazer uma avaliação e a identificar as intervenções necessárias. O organismo referiu ainda que investiu cerca de 1.490 mil euros no Porto de Olhão nos últimos três anos, dos quais cerca de 934 mil dirigidos para as infraestruturas.
Para 2017, está previsto um investimento de 250 mil euros que contempla obras como a criação de estendal de redes, a pavimentação e reabilitação da rede viária e pedonal, o ordenamento do tráfego no porto, a reabilitação do cais/rampa de apoio a cargas e descargas de mercadorias para as ilhas e o levantamento topohidrográfico da bacia do porto. Miguel Cardoso, da OlhãoPesca, disse à Lusa que o valor do investimento para 2017 “chega para começar, mas não vai chegar para começar a requalificar os pontões”.