Podia ter sido um “homem do Renascimento”, tantas e tão diferentes eram os seus interesses e capacidades. Físico, biólogo, biofísico, botânico, arqueólogo, foi isso tudo e ainda escreveu ficção científica. Jagdish Chandra Bose pode não ser o nome mais conhecido dos portugueses, mas como veremos devemos-lhe muito. Até pelo contributo que deu para o caro leitor poder estar agora a ler este artigo.

De onde vem?

Bose nasceu em 1858 no território a que hoje chamamos Bangladesh e que, na época, se chamava Mymensingh. É considerado de britânico, uma vez que, na época, Mymensingh integrava o Império Britânico, então no seu apogeu, fazendo parte do Estado da Índia, o Raj.

Estudou no Colégio São Xavier, uma escola jesuíta em Calcutá, onde se graduou, tendo depois seguido para Londres, para a Universidade, para estudar medicina. Não conseguiu concluir os estudos devido a problemas de saúde, mas mesmo assim prosseguiu os seus sonhos e acabou por conduzir uma pesquisa científica com o então Prémio Nobel Lord Rayleigh, em Cambridge. Só depois de terminar os estudos é que regressou para a Índia, onde se tornou professor de Física na Universidade de Calcutá.

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Apesar da discriminação racial e da falta de financiamento e equipamentos na Universidade, Bose continuou com a sua pesquisa científica em diferentes áreas.

Em que áreas se destacou?

Uma das suas grandes ‘obras-primas’ foi no campo das telecomunicações, onde se destacou de forma pioneira e inovadora no estudo das ondas e microondas de rádio e na utilização de semicondutores, que foi o primeiro a utilizar neste tipo de equipamentos. Ainda que tivesse podido obter lucro com a sua invenção e patentear a mesma, Bose decidiu mantê-la no domínio público, para que outros cientistas também a pudessem desenvolver.

Podemos por isso agradecer-lhe pois os seus trabalhos pioneiros muito contribuíram para que hoje tenhamos Internet e e utilizemos redes sem fios.

Paralelamente, desenvolveu vários estudos comparativos entre as semelhanças dos animais e das plantas, especialmente sobre as suas reações quando expostos a ambientes diferentes, nomeadamente a influências elétricas ou químicas. Destacou-se também no estudo dos tecidos vivos e da recuperação celular.

Dedicou-se também à ficção científica, sendo considerado o “pai” deste género literário naquela região do mundo.

Jagadish_Chandra_Bose

Jagadish Chandra Bose

Cratera na lua com o seu nome

Claro está que tanta inovação não poderia ficar confinada apenas à terra: Jagdish é dos poucos que tem o seu nome numa cratera lunar, como forma de homenagem pelas suas invenções tão importantes. É também por esta razão que a Google homenageia, pelos seus 158 anos, Jagadish Chandra Bose.

A cratera com o seu nome fica no hemisfério sul, entre as crateras Bhabha e Alder.