Mais de um terço das empresas exportadoras têm menos de seis trabalhadores, revela um inquérito sobre a internacionalização das PME (Pequenas e Médias Empresas) promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, em colaboração com o E-Monitor. O inquérito “Insight, Um olhar sobre a internacionalização das PME”, mostra que 38% das empresas com atividade internacional têm entre 1 e cinco colaboradores, 32% destas PME têm entre 10 e 49 trabalhadores e apenas 8% têm mais de 100.

Números que mostram, segundo os autores do inquérito, que “estamos perante um processo de internacionalização de empresas, na sua imensa maioria de pequena dimensão, eminentemente familiares, em que os acionistas e a gestão se confundem” (cerca de 50% dos que responderam afirmaram ser donos/acionistas das empresas analisadas).

O inquérito parte de uma amostra das mil empresas PME que fazem parte do Observatório Insight da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. Os resultados foram apurados a partir de 873 respostas completas entre julho e setembro do ano passado. Segundo as conclusões, divulgadas esta quinta-feira, 63% das empresas acreditam que o volume de negócios gerado pela atividade internacional vai crescer este ano e quase metade, cerca de 49%, afirmam que vai manter o investimento na internacionalização.

A internacionalização destas empresas passa sobretudo pelas exportações diretas para clientes internacionais que são, aliás, a principal porta de entrada nos mercados externos. As viagens e reuniões de prospeção com potenciais cliente e outros parceiros de negócio representam a via mais comum para a internacionalização, revelam 60% das respostas. Mais de 50% referem feiras internacionais e apenas um terço, 33%, apontam para o contacto com as embaixadas ou com a Aicep (agência de promoção do investimento e internacionalização).

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Os resultados revelam ainda que apenas uma em cada quatro empresas usou fundos públicos para financiar a sua atividade internacional. A maioria, cerca de 85%, assegura que usou os seus próprios fundos para financiar a expansão internacional, embora 36% das empresas inquiridas reconheçam que recorreu a empréstimos bancários. 25% das empresas utilizaram os fundos públicos disponíveis e apenas 18% recorreram ao programa financiado com fundos comunitários Portugal 2020.

Os dados confirmam uma relativa concentração das exportações em poucos mercados, com 53% das PME a venderem apenas para um a cinco mercados internacionais. 35% estão presentes em mais de cinco mercados e apenas 8% vendem mais para mais de 20, com o setor agrícola a mostrar um maior grau de diversidade geográfica.

Espanha e Angola

Apesar de a maioria das empresas inquiridas, 68%, afirmar que o potencial de crescimento do mercado é o critério que mais pesa na escolha dos mercados, as respostas revelam que Espanha continua a ser o destino preferencial das exportadoras, 51% estão presentes do outro lado da fronteira.

Mas o segundo critério mais importante com 63% das respostas — a estabilidade política e económica — permite explicar porque a Europa continua a ser a geografia dominante com a presença 83% das empresas. Do outro lado das motivações, a instabilidade política é o que mais assusta os empresários com 54% de respostas.

Angola é o segundo mercado mais importante, atraindo 43% das empresas, seguido da França, Reino Unido e Alemanha. Apesar da importância do Reino Unido para 30% das empresas, as PME não antecipam grandes impactos do Brexit. O inquérito destaca ainda a China com 12% de respostas.

Mais de um quarto das PME questionadas, 26%, referem ainda que iniciou o processo de internacionalização há três ou cinco anos, o que coincide ainda com o período de maior recessão no mercado interno. E mais de metade dos inquiridos — aponta a saturação ou queda do mercado interno como motivação para a internacionalização.

Já na categoria das maiores empresas, com um volume de negócios superior a dez milhões de euros, 82% iniciou a internacionalização há mais de seis anos.

Os resultados do inquérito revelam ainda que 71% das PME inquiridas diz que a atividade internacional já está a gerar resultados positivos e 41% acrescentam que o contributo para o resultado global é expressivo.

A amostra é composta por 873 empresas com um volume de negócios anual a partir dos 249 mil euros e até 50 milhões de euros e com um número de colaboradores que varia entre 1 e 5 e 10 e 249. A maioria destas PME já existem há mais de seis anos. O painel envolvido no inquérito será atualizado semestralmente.