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Os números que desmentem Trump e a Casa Branca

Este artigo tem mais de 5 anos

"Esta é a maior audiência de sempre a assistir a uma tomada de posse, ponto final!". A garantia da Casa Branca no ataque à imprensa choca com a realidade dos números que são conhecidos.

As imagens da discórdia: a tomada de posse de Donald Trump à esquerda (sexta-feira), a de Barack Obama à direita (2009).
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As imagens da discórdia: a tomada de posse de Donald Trump à esquerda (sexta-feira), a de Barack Obama à direita (2009).

As imagens da discórdia: a tomada de posse de Donald Trump à esquerda (sexta-feira), a de Barack Obama à direita (2009).

“Esta é a maior audiência de sempre a assistir a uma tomada de posse, ponto final!”. Donald Trump não gostou da cobertura noticiosa à sua tomada de posse e disse que os jornalistas estão entre os “seres mais desonestos à face da terra”. Não satisfeito mandou o seu porta-voz convocar os jornalistas à Casa Branca para lhes dizer que apesar das alegadas mentiras da “imprensa desonesta”, Trump teve a maior assistência de sempre, em todas as formas. Mas os números não lhe dão razão, nem no terreno, nem na televisão.

Primeiro dia completo como 45.º Presidente dos Estados Unidos e, com o memorial em honra aos agentes da CIA caídos em combate, Donald Trump não conseguiu evitar usar uma parte do seu tempo para atacar a imprensa, acusando os jornalistas de mentirem quando colocaram em causa os números da assistência que teve na sua tomada de posse. Trump criticou as imagens, disse que a sua assistência chegava ao Washington Monument, sensivelmente a meio do Washington Mall – algo que as imagens desmentem -, e fez contas de cabeça apontando para entre um milhão a um milhão e meio de pessoas na assistência.

Umas horas mais tarde, a mando do Presidente, o porta-voz da Casa Branca convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa cujo tema era a agenda do Presidente, mas que foi usada na verdade para atacar a cobertura “desonesta” da tomada de posse de Donald Trump.

Entre os argumentos usados estavam, por exemplo, que a imagem que rodava pela Internet da tomada de posse de Donald Trump era tirada de um ângulo menos favorável e que dava a ideia errada que estava menos gente que na tomada de posse de Barack Obama em 2009.

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Sean Spicer disse ainda que a proteção que foi colocada sobre a relva do National Mall dava a impressão que estava menos gente do que realmente estava e, por fim, que não havia números oficiais do National Park Service, por isso ninguém podia fazer estimativas. Ainda assim, garantiu, Trump teve “a maior audiência de sempre, ponto final!”. Seja pessoalmente ou pela televisão.

Sendo verdade que o National Park Service não divulga números e que por isso não há estimativas sobre a dimensão da assistência, há alguns números que desmentem de forma clara a afirmação da Casa Branca. Entre eles está o número de viagens no metro, que foi usado pelo porta-voz de Trump para fazer a afirmação em causa, e também a audiência televisiva da tomada de posse, que ficou muito aquém dos melhores resultados.

O dobro das viagens com Obama

Um dos números usados por Sean Spicer para afirmar que Trump bateu o recorde da assistência foi o número de viagens no metro no dia da tomada de posse. No entanto, o próprio Metro de Washington desmentiu as declarações do porta-voz da Casa Branca. Primeiro, ao longo do dia quando foi publicando atualizações no Twitter que davam conta de uma afluência controlada e muitos lugares de estacionamento. Depois nos números finais que o Washington Post divulgou.

Segundo o Metro de Washington, 570,6 mil pessoas viajaram no metro na sexta-feira desde as 4h00 até às 24h00, quando fechou. Quando Barack Obama tomou posse pela primeira vez, em 2009, mais ou menos o dobro das pessoas viajaram no metro nesse dia, 1,1 milhões de pessoas. Em 2013, depois de ser reeleito, 782 mil pessoas viajaram no metro de Washington no dia da sua tomada de posse.

O porta-voz da Casa Branca disse na conferência de imprensa que havia mais 103 mil pessoas a usar o metro no dia da tomada de posse de Donald Trump do que em 2009 quando Obama tomou posse pela primeira vez, 420 mil contra 317 mil pessoas.

Até Jimmy Carter conseguiu melhor

O audiência televisiva que a Casa Branca garante ter sido a maior de sempre também terá ficado aquém. Segundo a Nielsen, 30,6 milhões de pessoas assistiram à tomada de posse de Donald Trump pela televisão.

Esta foi a maior audiência desde que Ronald Reagan tomou posse…se não contarmos com a tomada de posse de Barack Obama.

Segundo a Nielsen, Obama teve mais sete milhões de pessoas a assistir à sua tomada de posse em 2009 que Donald Trump, num total de 38 milhões.

Os números, que são compilados apenas desde a primeira tomada de posse de Richard Nixon, mostram que Donald Trump fica atrás ainda da segunda toma de posse do próprio Nixon, e das primeiras de Obama, de Ronald Reagan, que bateu detém o primeiro lugar com 42 milhões de pessoas na sua primeira tomada de posse, e até de Jimmy Carter, que em 1977 teve mais de 34 milhões de pessoas à assistir à sua tomada de posse.

Mas nem tudo é mau, Donald Trump teve maior audiência que ambos os presidentes Bush, pai e filho, e que Bill Clinton.

Donald Trump já reagiu no Twitter, escolhendo o ângulo que lhe é mais favorável: o da última tomada de posse, a segunda de Barack Obama.

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