O secretário-geral do PCP escusou-se esta terça-feira a fazer juízos de valor sobre a justificação do ministro das Finanças sobre a polémica da Caixa Geral de Depósitos, sublinhando que nunca põe “as mãos no fogo por ninguém”.

À margem de um seminário em Lisboa, Jerónimo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre as explicações dadas pelo ministro das Finanças na segunda-feira a propósito da polémica na Caixa Geral de Depósitos (CGD), tendo começado por reiterar que se a atitude de Mário Centeno colidir com a “incontornável necessidade” de apresentação de declarações de rendimentos por parte dos gestores do banco público, isso “será razão de crítica” dos comunistas.

“Ouvi o ministro Centeno. É uma justificação que não posso dizer a pés juntos que é certa e segura ou que não é. Portanto, não queria fazer juízos de valor, queria apenas afirmar este princípio em termos políticos. Da parte que me toca, nunca ponho as mãos no fogo por ninguém”, acentuou, quando questionado pelos jornalistas sobre se o PCP tinha ficado com dúvidas.

O secretário-geral do PCP admitiu que nestes “folhetins há uma responsabilidade, uma certa conduta errada por parte do Governo nesse mesmo processo que não pode ser esquecida”.

“Este processo o que pressupõe é a necessidade de facto de acabar com esta operação que está em curso e que visa o coração da CGD, em que PSD e CDS, com estes sucessivos folhetins, querem na oposição conseguir aquilo que não conseguiram quando foram Governo, ou seja a privatização da Caixa”, acusou.

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Estes “folhetins” escondem, na opinião de Jerónimo de Sousa, “esse objetivo que, em tempos idos, chegou a ser afirmado por Passos Coelho”.

Sobre as condições de Mário Centeno para continuar no cargo, o líder do PCP limitou-se a salientar que “o senhor ministro das Finanças está sob a responsabilidade do primeiro-ministro”.

“Desde sempre que o PCP considerou incontornável a necessidade de o senhor António Domingues apresentar as respetivas declarações, designadamente no Tribunal Constitucional”, frisou.

Para Jerónimo de Sousa, “a não se ter verificado essa questão e procurar uma outra atitude que colidisse com este posicionamento, naturalmente será razão de crítica do PCP”.

“Mas como digo, tendo em conta o anunciado, reafirmamos a posição e consideramos que qualquer atitude que colidisse com este objetivo naturalmente tem, terá da parte do PCP um posicionamento crítico”, concluiu.

O primeiro-ministro, António Costa, reiterou na segunda-feira a confiança em Mário Centeno no exercício das suas funções governativas, após um contacto com o Presidente da República e depois de, em conferência de imprensa, o ministro das Finanças ter afirmado que o seu lugar “está à disposição” desde que assumiu funções.

Centeno reiterou na conferência de imprensa que deu na segunda-feira que o acordo com António Domingues para a liderança da CGD não envolvia a eliminação da entrega das declarações de rendimentos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu também na segunda-feira que aceitou a posição do primeiro-ministro de manter a confiança no ministro da Finanças “atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira”.

Numa nota divulgada no ‘site’ da Presidência da República é referido que o chefe de Estado recebeu, a pedido do primeiro-ministro, o ministro das Finanças, antes da conferência de imprensa que Mário Centeno deu ao final da tarde de segunda-feira.