A EDP anunciou um aumento de 5% nos lucros do ano passado que alcançaram 961 milhões de euros. O crescimento do lucro foi sobretudo suportado pela performance operacional, sublinhou o presidente executivo da elétrica, em conferência de imprensa esta quinta-feira. Para António Mexia, “foi um bom ano para a EDP”.

Em 2015, a elétrica tinha registado, pela primeira em vários anos, um resultado abaixo dos mil milhões de euros. A queda de 12% só não foi maior porque a EDP beneficiou ganhos extraordinários que não se repetiram na mesma dimensão em 2016. Os lucros apresentados em 2016 beneficiaram, por seu turno, de uma redução 68% nos impostos (menos 189 milhões de euros) que é contabilística, uma vez que a empresa até pagou mais impostos porque aderiu ao PERES (programa de regularização extraordinária de impostos), explicou o administrador financeiro, Nuno Alves.

António Mexia destacou vários fatores que contribuíram para a subida dos resultados, com ênfase para o mercado ibérico onde sublinhou a melhoria da regulação em Espanha e o elevado nível, acima da média, da produção hidroelétrica. António Mexia assinalou ainda uma contenção ao nível dos custos, apesar do aumento da atividade.

O grupo registou uma poupança de custos de 105 milhões de euros no ano passado. O investimento líquido fixou-se em 1.600 milhões de euros, com Portugal a receber 700 milhões de euros, um valor canalizado sobretudo para os projetos hidroelétricos em desenvolvimento, mas também para a rede de distribuição.

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Com estes resultados, a gestão vai propor um aumento de 3% no dividendo a distribuir aos acionistas, para 0,19 euros por ação. A dívida líquida reduziu-se em 8% para 15,9 mil milhões de euros, com o contributo da venda do défice tarifário ao sistema financeiro.

Sobre venda de ativos, António Mexia confirmou que a EDP está à procura de investidores para a Portgás, a distribuidora de gás natural que tem no Norte, mas afastou o cenário de venda da Naturgás, distribuidora que a elétrica portuguesa tem em Espanha.

Em relação ao mercado português, o presidente executivo da EDP explicou a decisão de avançar contra a CESE depois de a empresa ter pago a contribuição criada em 2014 que começou por extraordinária, mas que continua ao fim de quatro anos, lembrando que este é o único setor em que não foram revertidas as medidas excecionais criadas para combater o défice. É o dever fiduciário da empresa para com os seus acionistas, acrescentou.

Em resposta aos jornalistas, António Mexia também voltou a lamentar a “discriminação” aplicada em Portugal no financiamento da tarifa social de eletricidade que é paga pelas centrais elétrica, e não pelo Orçamento do Estado ou pelos restantes consumidores, como acontece no gás natural. E deixou em aberto a possibilidade de vir a atuar contra esta medida, em função da evolução que possa vir a ocorrer este ano.

Quanto ao corte dos subsídios atribuídos às energias renováveis, uma decisão do atual Governo que teve um efeito favorável nos preços da eletricidade de 2017, o presidente executivo refere que é preciso avaliar se a tal acumulação de apoios (via tarifas e subsídios), que foi aceite no passado, está ou não dentro da lei.

Ainda sobre outra medida do Governo de corte nos pagamentos por garantia de potência às centrais elétricas, anunciados esta semana, o gestor afirmou que é a favor do regime de leilão, que foi implementado, mas avisa que há uma discriminação desfavorável dos operadores portugueses face aos espanhóis que recebem muito mais de garantia de potência. E não revelou se tenciona participar nos leilões de capacidade que vão oferecer no máximo 6,3 milhões em 2017.