O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC) afirmou esta segunda-feira que não vê “com bons olhos” a intromissão das instituições de ensino superior e do Governo na integração dos estudantes, e criticou a tentativa de se “policiar” a praxe.
“Não vejo com bons olhos a intromissão das instituições de ensino superior na integração dos estudantes, no sentido de policiar a atividade estudantil. Não é benéfico e é infrutífero”, disse à agência Lusa o presidente da AAC, Alexandre Amado.
Segundo o dirigente estudantil, “os estudantes têm de ter autonomia e liberdade para integrarem os seus colegas e de fazerem o processo de integração de uma forma adulta, emancipada”. A AAC “vê na praxe uma forma de os estudantes fazerem a sua integração, que é inserida na liberdade de cada um”, referiu o presidente da AAC, que reagia ao estudo “A praxe como Fenómeno Social” promovido pela Direção Geral do Ensino Superior e elaborado por uma equipa conjunta de investigadores.
Apesar das críticas, Alexandre Amado ficou satisfeito com o facto de se poder fazer “uma discussão das praxes e da integração dos estudantes por esse via”, sublinhando que a associação que lidera está disponível “e entende que é importante participar nessa discussão”.
“É importante que haja um processo de consciencialização e que os abusos e as humilhações sejam reportadas e constantemente combatidas”, notou, realçando que é importante que “a sociedade se mantenha vigilante contra situações de abuso”. O dirigente estudantil recordou que a AAC tem “um programa extenso de integração, independentemente do contexto da praxe”, realçando que iniciativas em que se promova a cultura e a ciência também “são bem-vindas” pela associação.
Sobre a recomendação do estudo de o Governo criar uma linha gratuita de apoio a vítimas de violência em praxes, Alexandre Amado vincou que essa parece ser “uma boa sugestão”, mas que não deve ser dirigida somente a vítimas de abusos em contexto de praxe. O presidente da AAC afirmou ainda que, quando se fala de “exclusão de lógicas hierárquicas”, o Governo deveria também olhar para o modelo de organização das instituições de ensino superior de forma “a garantir uma participação mais democrática e a preparar os alunos para uma vida cívica plena”.