1, 2, 3. K. Mbappe Lottin aos 8 minutos, Fabinho aos 29, Bakayoko, aos 77. O Manchester City de Guardiola ainda sonhou com o apuramento com o golo de Sané aos 71 minutos, mas logo a seguir a equipa inglesa dos milhões sucumbiu perante o terceiro golo do Monaco que, assim, empatou o marcador, mas seguiu em frente por ter marcado mais golos na casa do adversário – a primeira mão tinha ficado 5-3 para o City.

Leonardo Jardim tombou o milionário clube inglês e deu a Pep Guardiola um registo negativo no currículo. Se para o Manchester City não ganhar a Champions apesar de todo o investimento é uma regra sem exceção, esta derrota de Pep Guardiola na Liga milionária foi uma exceção à regra. Vejamos a trajetória do técnico: vencedor em 2009; meia-final em 2010; vencedor em 2011; meia-final em 2012 (estes quatro pelo Barcelona); meia-final em 2014; meia-final em 2015; meia-final em 2016 (estes pelo Bayern, após um ano sabático passado a viver em Nova Iorque). Agora, nem dos oitavos passou.

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E se a Liga Milionária assim é chamada por render muito dinheiro aos cofres dos clubes, também costuma ser verdade que quem mais dinheiro tem, mais longe vai. Assim foi em todos os jogos dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Menos num. O resultado do Monaco esta noite prova que, neste caso, quem menos gastou foi quem seguiu em frente.

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Segundo o Transfermarkt, o Manchester City gastou, esta época, 213 milhões euros em contratações. O Monaco dos portugueses Leonardo Jardim, Bernardo Silva e João Moutinho gastou apenas 50 milhões de euros com cinco jogadores, contra os dez contratados pelo City.

O clube de Manchester anda a tentar chegar à conquista da Liga Milionária há anos, mas o sonho nunca se concretizou. Achavam os adeptos que a vinda de Pep Guardiola, o mágico que inventou o tiki-taka do Barcelona, iria ser finalmente a peça que faltava para segurar a taça mais desejada pelos clubes europeus. Porque dinheiro, muito dinheiro, já o City tinha gastado. Nos últimos dez anos os donos do clube de Manchester gastaram 1,342 mil milhões de euros em contratações de jogadores. E não chegaram lá.

Leonardo Jardim: uma máquina de multiplicar talento e euros

O trabalho de Leonardo Jardim no Mónaco conhece mais um ponto alto numa época de sonho até ao momento. E isto num clube que, em contraponto com o que tinha sido “prometido” inicialmente, deixou de ser uma máquina de gastar dinheiro como acontecera em 2013/14, quando James, Falcao, Moutinho, Kondogbia e companhia custaram um total de 160 milhões de euros. Houve desinvestimento. E muito. Mas isso não atrapalhou a evolução do técnico português nos monegascos.

No primeiro ano contratou o miúdo Bernardo Silva, que ainda hoje voltou a ser referido de forma jocosa num tweet do ex-diretor de comunicação do Benfica, João Gabriel, como o ex-lateral esquerdo (posição onde um dia Jorge Jesus terá testado o médio ofensivo), por 15,75 milhões de euros. Dizia-se que era muito. Hoje tem um valor de mercado de 25 milhões e é uma das estrelas do campeonato francês. Nesse mesmo ano chegou o médio Bakayoko, decisivo no encontro desta noite.

Em 2015/16, chegou do Caen Thomas Lemar. Por quatro milhões. Hoje vale 20 e continua a ser um dos desequilibradores que meia Europa quer comprar. Este ano, a maior pepita foi Mbappé, promovido dos escalões jovens para a titularidade com o sucesso por todos reconhecido. Mas, Mendy, lateral esquerdo ex-Marselha que custou 13 milhões, também tem todas as condições para sair pelo dobro.

Tal como aconteceu no único ano em que orientou o Sporting, onde a escassez de recursos obrigaram a inventar soluções que ainda hoje são referências – Wilson Eduardo é exemplo paradigmático disso mesmo –, Leonardo Jardim continua a ter o toque de Midas nos jovens talentos que passam de bronze a prata e de prata a ouro nas suas mãos. Seja na vertente desportiva, seja no aspeto financeiro.