Na semana em que o Governo espera fechar o acordo de venda do Novo Banco aos americanos da Lone Star, Teixeira dos Santos garante que vai sobrar para os portugueses. E explica porquê: “É um encargo que os bancos vão ter suportar nos próximos 30 anos que vai ser repercutido nos cidadãos. Nós vamos todos pagar isto, porque os bancos, pagando ao Fundo de Resolução, vão repercutir esses custos necessariamente na sua operação”, afirmou o ex-ministro das Finanças, numa entrevista ao Dinheiro Vivo/TSF.

Para o atual presidente do banco BIC, a venda de 75% do capital do Novo Banco, mantendo os restantes 25% no Estado ou no Fundo de Resolução, é um “risco”. “Quando a venda à Lone Star foi anunciada, dizia-se que o fundo queria uma garantia do Estado para acautelar algumas contingências que pudessem vir a afetar o valor do Novo Banco. A solução em que o Estado mantém 25% da participação no banco e é um parceiro mudo, sem qualquer interferência na gestão nem sequer com direito de voto, é uma forma de partilhar um risco da operação, ou seja, é uma forma de garantir que o Estado vai suportar, por essa via, aquilo que possam vir a ser as vicissitudes do futuro do Novo Banco”, defende o antigo governante, acrescentando que “não faz sentido o Estado não ter direito de voto”.

A solução em que o Estado mantém 25% da participação no banco e é um parceiro mudo, sem qualquer interferência na gestão nem sequer com direito de voto, é uma forma de partilhar um risco da operação, ou seja, é uma forma de garantir que o Estado vai suportar, por essa via, aquilo que possam vir a ser as vicissitudes do futuro do Novo Banco.”

Ainda assim, mostra-se a favor da venda do banco e contra a sua nacionalização. “Fala-se em fecho de balcões, redução de pessoal e não me parece que, se o banco ficar na posse do Estado, pudesse levar a cabo um plano de reestruturação e de ganho de eficiência que seria necessário. Veja-se o que se está a passar com a CGD. Na Caixa, que, segundo foi anunciado, precisará de reduzir também pessoal e fechar balcões, há logo um processo político em torno deste tema. E veja-se a pressão que é feita para que a CGD de facto não melhore a eficiência da sua operação. Imagino também que o mesmo se passaria no Novo Banco”, refere.

Recorde-se que foi Teixeira dos Santos quem, em 2008 quando era ministro das Finanças, optou pela nacionalização do BPN. Situação que diz não ser comparável. “Na altura em que o BPN foi nacionalizado não tínhamos os instrumentos jurídicos de intervenção que estavam disponíveis quando foi a resolução do BES. A nacionalização era o possível à luz do quadro legal existente”.

Tanto o atual ministro das Finanças, Mário Centeno, como o primeiro-ministro, António Costa, garantiram que a negociação para a venda do Novo Banco ficaria concluída até ao final da semana — uma operação que não conta com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP. O tema será, aliás, debatido em Conselho de Ministros.

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