Leo tem seis anos e é autista, Guilherme tem 14 e foi-lhe diagnosticado espetro autista e trissomia em mosaico e, em comum, têm um percurso na equitação terapêutica que, testemunham os pais, fizeram deles “crianças mais sociáveis”.

A oferta de terapias alternativas com cavalos e a póneis foi disponibilizada a ambos pelo Pony Clube do Porto, uma associação que desde 2013 já auxiliou cerca de 130 jovens, revelou a coordenadora Diana Pinto.

Bruno Faria, pai do Leo, contou à Lusa que a doença foi diagnosticada quando a criança tinha dois anos. Acrescentou que, após “várias terapias, desde a da fala à ocupacional, uma pesquisa na Internet e uma indicação” levou-os ao Pony Clube.

“Desde que aqui estamos, o Leo tem vindo sempre a evoluir”, afirmou, elencando as capacidades ganhas pelo filho: “hoje é capaz de caminhar, de fazer tarefas sozinho, sossegado, de estar junto a outras pessoas”.

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E continuou: “É também capaz de acompanhar outras crianças e já começou a dizer as primeiras palavras, a comunicar, a olhar nos olhos das pessoas”.

Há três anos em terapia de periodicidade semanal, a recomendação médica para o Leo “é para que continue”.

Guilherme, de 14 anos, acrescenta ao problema de autismo a trissomia em mosaico, doença caracterizada por deformação facial, atraso mental ligeiro e anomalias das articulações, tendo chegado muito mais tarde ao Pony Clube, associação que conheceu “por acaso”, durante uma visita a uma feira rural do Porto, indica a mãe, Margarida Macedo.

“O Guilherme tinha imensas terapias que eram suportadas por nós. Tivemos de optar e deixar a terapia com cavalos de lado”, explicou a mãe.

No Pony Clube, “perto de casa e com bons profissionais”, o Guilherme “começou a terapia há três anos e tem evoluído imenso”, acrescentou Margarida Macedo, referindo que o filho, embora tema animais como os gatos e cães caseiros, gosta de lidar com cavalos.

“Para ele é muito importante a empatia com o animal”, referiu.

Acrescentou que “todos os profissionais que lidam com ele, desde a pedopsiquiatria à neurologia, concordam que esta terapia é muito importante. Pois, ao mesmo tempo é terapia, é lúdico e desporto, tem tudo combinado para ser o ideal para ele”.

Diana Pinto, coordenadora de equitação terapêutica, explicou que Leo e Guilherme chegaram ao Pony Clube “a desencadear frustrações”.

“Hoje, o Guilherme tem um comportamento na aula de equitação e no relacionamento com os cavalos muito adequado e faz provas de equitação adaptada com sucesso e tudo para ele é muito gratificante”, disse.

Quanto ao Leo, “era ainda criança e não verbalizava. Com os cavalos começou a desenvolver um vocabulário, principalmente o ‘anda cavalo’, e através da repetição de algumas palavras já conseguiu atribuir algum significado às palavras, discriminar cores e os animais”.

O Pony Clube do Porto tem dez cavalos e póneis, associados conforme a idade ou peso da criança, e faz terapia a cerca de 130 jovens, de segunda-feira a sábado.