A porta-voz e conselheira do Partido Popular na Câmara Municipal de Madrid, Esperanza Aguirre, demitiu-se do cargo público. Esperanza Aguirre apresentou a demissão às 17h00 desta segunda-feira, de acordo com informações avançadas pelo El País.
“Sinto-me enganada e traída por Ignacio González. Não vigiei o que devia”, disse Esperanza Aguirre aos jornalistas, acrescentando: “A minha forma de pensar a política enquanto um serviço para a Espanha e para os cidadãos leva-e a assumir a responsabilidade que me cabe por não ter vigiado Ignacio González. Por não ter descoberto antes o que agora descobriu a Guarda Civil e o juiz”.
Aos jornalistas, Esperanza Aguirre alertou para a corrupção na política espalhola, afirmando que a justiça “não é suficiente” justificando-se com o facto de, apesar de “rigorosa”, ser também “muito lenta”. “Os cidadãos têm o direito de exigir que os políticos assumam todas as responsabilidades com dignidade, sem demora e sem desculpas. Tenho como regra de conduta nunca fugir às minhas responsabilidades”, disse aos jornalistas.
A demissão aconteceu cinco dias depois da detenção de Ignacio González, ex-governador de Madrid, suspeito de corrupção e desvio de fundos no caso Canal Isabel II. Esperanza Aguirre estava sob fogo cerrado de críticas desde então, dado que González, o seu antecessor no governo de Madrid, era um colaborador próximo. Sobre a detenção de González, Aguirre disse que “seria lamentável” caso as acusações se verificassem.
No dia da detenção de Ignacio González, a 20 de abril, outros 11 suspeitos foram postos em prisão preventiva na sequência de supostas ligações à rede de corrupção.
Terá sido no período em que Esperanza Aguirre exerceu o cargo de presidente da Comunidade de Madrid, entre 2003 e 2012, que colaborou com Ignacio González no controlo do Canal de Isabel II. Quando em 2012, Aguirre se demitiu da presidência da Comunidade de Madrid por motivos pessoais, foi González que a susbstituiu.
Esperanza Aguirre foi a primeira mulher a ser presidente de uma comunidade autónoma e a ocupar a Presidência do Senado, na história de Espanha. Aguirre foi também presidente do Partido Popular de 2011 a 2016, quando foi substituída por Cristina Cifuentes. Com 65 anos, é condesa consorte de Bornos.