Um estudo da Universidade do Minho mostra que a exposição de crianças a mensagens de comportamentos alimentares saudáveis em desenhos animados pode ser uma forma eficaz de encorajá-las a fazer melhores escolhas. Partindo da visualização da série de desenhos animados “Nutri Ventures”, na RTP 2 e no canal Panda, um grupo de investigadores daquela universidade, coordenado por Ana Vaz, realizou em 2015 um estudo que envolveu 142 crianças da região de Braga.

As conclusões foram apresentadas no 24.º Congresso Internacional de Obesidade, que decorre até sábado no Porto, tendo Ana Vaz explicado à agência Lusa que o estudo versou “alunos do pré-escolar e escolar com idades entre os quatro e oito anos”.

Na comunicação lê-se que “os autores quiseram explorar se um desenho animado com mensagens de comportamentos alimentares saudáveis poderia ter um efeito positivo nas preferências e escolhas alimentares das crianças”.

“As crianças foram distribuídas de forma aleatória em dois grupos: um de controlo em que era exposto a desenhos animados sem qualquer referência a mensagens alimentares ou nutricionais e outro experimental, exposto a desenhos animados com mensagens de comportamentos alimentares saudáveis”, prossegue o documento a que a Lusa teve acesso.

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Cada grupo esteve exposto durante 20 minutos, “sendo dada a oportunidade a cada criança de comer durante 10 minutos, de forma livre, os alimentos de uma pequena seleção: dois produtos saudáveis (cenouras bebé e uvas) e dois produtos não saudáveis (chocolates e batatas fritas)”, explicou Ana Vaz.

Nesse período “foram registadas as medidas de fome, reconhecimento e apreciação do desenho animado, atitudes relativamente à alimentação saudável e preferências alimentares”, prossegue a comunicação. Segundo a investigadora, os resultados mostraram que “as crianças expostas a desenhos animados com mensagens de comportamentos alimentares saudáveis escolhiam alimentos significativamente mais saudáveis do que as crianças do grupo de controlo”.

Estes comportamentos levaram os autores a concluir: “Estes resultados são promissores e podem ser importantes para o desenvolvimento de campanhas de promoção da saúde para crianças.”

Ana Vaz deu ainda conta de uma segunda fase, em que “foi desenvolvido um programa educacional baseado em desenhos animados e está atualmente a ser testado em crianças entre os seis e oito anos”. “O objetivo é testar a utilidade e a eficácia do uso de personagens de desenhos animados com comportamentos alimentares saudáveis nas suas escolhas e preferências alimentares”, acrescentou.

Caso a eficácia seja comprovada, Ana Vaz admitiu à Lusa levar o projeto ao Ministério da Educação para que possa “ser implementado a nível nacional nas escolas”.