Tudo começa com uma folha A3 branca. Este é, segundo Carolina Bernardo, “o melhor ponto de partida para seja lá o que for”. A partir daí, explica a designer de 29 anos, “podemos desenhar o mundo ou o nosso melhor projeto de sempre”. E assim tem sido: Carolina traz o mundo que vê nas suas viagens (reais e digitais) para a folha em branco. Depois, com a sua paleta de cores, cria os padrões que melhor retratam esse mundo e surgem as diferentes coleções da marca que mantém em nome próprio.

“Gosto muito de viajar e, sobretudo, de observar pessoas na rua. Viajo de forma real e na internet. É aí que encontro inspiração. Mesmo sem ter ido à Ásia e ao Oriente, por exemplo, estas duas culturas acabam por ser grandes fontes de inspiração. Inspiro-me também nas cores fortes da América do Sul e de África”, conta ao Observador.

Ainda que com uma forte ligação ao mundo online, foi muito antes dessa era e das viagens pelo Pinterest ou pelo Instagram que Carolina começou a criar as suas peças ou, como ela diz, “a fazer coisas com coisas”. Aos 13 anos fazia bijuteria com fimo para amigos, familiares e algumas lojas. Depois, no terceiro ano da faculdade, vieram as cestas. Foi com elas, pelo impacto que tiveram, que percebeu a importância de criar e projetar a sua própria marca.

“Numa viagem a Braga, Guimarães e Viana do Castelo comprei os lenços típicos desta zona, sem saber bem porquê e o que lhes fazer. Os lenços ficaram um ou dois anos em minha casa, sem nada acontecer. Acredito que tudo acaba por ter uma finalidade e nada é por acaso. Com os lenços não foi diferente: comecei a fazer as cestas de Viana, há oito anos, e continuo até hoje”, explica a designer.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As novas cestas já não têm corações de Viana mas alças originais e fechos coloridos. © Instagram @acarolinabernardo

Num ano, Carolina vendeu cerca de 300 cestas destas. A vontade de criar e produzir peças de tons fortes e com padrões arriscados continuava cada vez mais vincada. E aí não houve dúvidas: era preciso dar forma à marca com o seu nome, Carolina Bernardo.

Há três anos começou por desenhar e decorar camisolas de inverno com aplicações que utilizava nas cestas. Desde há um ano e meio cria outras peças de roupa: túnicas, camisas, vestidos e casacos. Para além disso, produz acessórios como lenços, chapéus, alcofas e cestas.

As pinturas de Carolina Bernardo passam mesmo do papel A3 para o vestido (ou qualquer outra peça de roupa da marca). © Divulgação

As roupas são feitas com tecidos de cortes simples, com detalhes e aplicações de materiais diversos nas mangas, costas, decote, e partes que finalizam a peça. Em algum lugar há sempre pormenores coloridos ou padrões desenhados por Carolina: em 2016 desenhou na sua folha A3 branca com canetas de feltro, em 2017 com guache e pincel. E esta sim, é a aposta forte da marca para as coleções que estão para vir: continuar a criar padrões próprios.

“Costumo dizer que sou uma designer que não desenha. Não gosto do figurado, gosto de trabalhar a mancha, a cor. Vivo na base dessas cores, sou muito pouco monocromática. A vida já tem imensos problemas e dias cinzentos, a nossa roupa quer-se divertida. Se o vestido for mais colorido, os sapatos podem ser neutros. O meu objetivo é dar cor à vida das pessoas. Divirto-me a criar desta forma.”

Tudo é produzido em Portugal, na zona de Leiria. A coleção deste verão tem, para cada peça, o nome de uma praia portuguesa, porque “as praias são locais de boas energias e é disso mesmo que coleção trata”.

As aplicações coloridas também caracterizam a marca. © Divulgação

Da Comporta a Melides, passando pelo Baleal e São Martinho, até agora as clientes têm sido portuguesas mas já em setembro a marca prepara-se para saltar fronteiras com a primeira apresentação numa feira internacional, neste caso a MOMAD Metropolis, em Madrid.

Nome: Carolina Bernardo
Pontos de venda: Loja online, Capicua (Lisboa) e Instagram
Preços: dos 25€ aos 57€

100% português é uma rubrica dedicada a marcas nacionais que achamos que tem de conhecer.