No passado dia 25 de Maio o vosso jornal publicou uma longa peça sobre o julgamento de José Oliveira e Costa. Nesse artigo, assinado pelo jornalista Luís Rosa, era descrito o processo judicial no qual o dito senhor esteve envolvido, assim como vários casos relacionados com esse processo ou com o chamado “caso BPN”.

Entendeu o jornalista a certo ponto do artigo afirmar que entre os processos em investigação se destacava um que me envolveria. O meu nome teve direito a negrito, assim como a suposta quantia envolvida no suposto processo: 100 milhões de euros. O objectivo era claro, associar o meu nome a essa quantia.

O artigo em questão afirmava sobre mim o seguinte:

a) Estaria a ser investigado pela justiça;

b) Num processo ligado ao BPN;

c) Que nesse processo estariam em causa acusações de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.

Ora, todos estes “factos” são falsos. Não estou a ser investigado por nenhum órgão judicial. Nunca estive ligado a nenhum processo que envolvesse o BPN. Nunca fui investigado por qualquer dos factos acima citados.

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Num gesto de boa vontade, contactei o vosso jornal, para clarificar os factos e pedir que fosse retirado o meu nome da notícia, assim como a publicação de uma explicação do lapso.

Para minha surpresa, decidiu o jornalista alterar o texto, mas não retirando o meu nome. Na nova versão da notícia os factos eram estes:

a) A investigação estava arquivada;

b) Nada tinha que ver com o caso Oliveira e Costa (o que me leva a questionar porque razão então o meu nome continuava na notícia).

c) As acusações e a ligação ao caso BPN mantinham-se.

No mail de resposta que me foi enviado, a justificação que me foi dada para manter alegações falsas sobre a minha pessoa no vosso jornal foi, e cito:

“salientamos que o inquérito aqui em causa foi noticiado como fazendo parte do chamado caso BPN por diversos órgãos de comunicação social.”

Seguido de uma ligação para uma notícia do Público sobre o assunto.

Ora, uma mentira repetida muitas vezes não passa a ser verdade. O facto de vários órgãos de comunicação social terem publicado mentiras sobre mim no passado não as torna mais verdadeiras no presente. Nem isenta o Observador do dever de investigar as informações que presta.

Fiquei assim a saber que, para o vosso jornal, a fonte para uma grande reportagem é “os órgãos de comunicação social”. Pelos vistos não é preciso ir às fontes, não é preciso verificar o processo (que é público). Basta escudar-se nas notícias de outros jornais, devidamente aproveitadas pelos vossos jornalistas.

Se um primeiro engano é perdoável, a partir do momento em que foram por mim contactos e decidiram, deliberadamente, manter uma notícia falsa, já não é possível alegar que o fizeram de boa-fé e por desconhecimento. Mantiveram uma notícia falsa porque não fizeram a devida investigação.

Como já tive ocasião de afirmar ao autor da peça, não me foi dada nenhuma outra opção que não seja participar criminalmente contra o Observador, a sua direcção e o jornalista em questão. A minha família e eu temos o direito de não ver o meu nome manchado pela falta de investigação dos jornalistas.

Sem nenhum outro assunto de momento,

Luís Vieira Duque”