Jovanović e Veljković são altíssimos. O médio-defensivo (Maksimović) que pisa o relvado logo à frente dos centrais sérvios não é menos alto do que eles. Lá na frente, Portugal (sem ponta-de-lança fixo; Paciência é o único na convocatória de Rui Jorge e sentou-se no banco de suplentes sem de lá sair) tinha Podence, Jota, Guedes, Bruno Fernandes e João Carvalho mais atrás destes no meio-campo. Os sérvios têm mais dois palmos do que cada um deles — pelo menos dois palmos; no caso de Podence quase não há palmos que meçam a diferença de estatura.

Tardou até que os portugueses entendessem (e tardou quase meia-hora na primeira parte) que frente a uma catrefada de “ić” (que é uma espécie de “Silva” lá da Sérvia) tão altos, seriam tanto ou mais superiores quanto jogassem com a bola rentinha ao solo. Bola cá, bola lá, sempre atabalhoadamente e aérea, sempre com os sérvios a superiorizarem-se. Assim não.

Curiosamente, a primeira ocasião de golo até foi portuguesa, logo aos cinco minutos. E curiosamente pelo ar. Outra curiosidade, pois não há duas sem três: foi um baixinho a levar a melhor sobre um matulão. O livre era à direita e foi Bruno Fernandes batê-lo. Bateu-o para a molhada no centro da área, Semedo saltou entre sérvios, ninguém desviaria a bola e esta seguiu para o poste contrário onde Rúben Neves a desviaria mesmo nas barbas do guarda-redes Vanja Savić – mas tanto desviou que acertaria no poste, cortando depois da defesa sérvia para lá do sol posto.

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Por fim, a bola rolaria sobre a relva, mérito (sobretudo) de Rúben Neves e Podence, que – qual pêndulo qual quê – ditavam o ritmo a que os seus jogariam ou não, impedindo que os sérvios tão pouco “cheirassem” o couro à bola. Pena é que Jota e Carvalho (Bruno Fernandes não entra na má prestação do meio-campo; foi assim-assim na primeira parte) não os acompanhavam e Guedes fosse useiro e vezeiro de dribles e mais dribles, todos inconsequentes — se ao menos levantasse a cabeça talvez percebesse isso.

Aos 35’ Portugal ameaçou a baliza de Savić: livre à direita, Cancelo cruza para a área, cruza para o primeiro poste, Jota antecipa-se a Miloš Veljković, desvia a bola, mas o desvio é com a parte exterior da bota (era o que estava “mais à mão”, diga-se) e este sai ao lado. Ameaçou e consumaria a ameaça logo depois, aos 37’. Bruno Fernandes viu Jota, Jota viu Bruno, toma lá, dá cá, tudo à entrada da área sérvia, Jota desmarcaria em seguida Podence lá dentro, pela esquerda, o avançado do Sporting cruzou para a pequena área, mas o cruzamento de Podence foi tudo menos preciso. Não há problema. Savić, o guarda-redes sérvio, dá uma ajudinha e uma fífia do tamanho do estádio Zdzisława Krzyszkowiaka – santinho! –, toca na bola de raspão, esta escapar-lhe-ia das luvas, ficando redondinha para que Gonçalo Guedes a cabeceasse à vontade para o golo de Portugal.

Uma vantagem que a seleção portuguesa manteria durante toda a segunda parte, embora desta pouco ou nada há o que contar na crónica. Foi fraquinha. Pelo menos no que a remates à baliza sérvia diz respeito. O cronómetro no pulso do árbitro francês Benoît Bastien seguia; os sérvios tentavam bater Varela mas faltou-lhes sempre o engenho na frente – tantos cruzamentos para nada.

Aos 60’, e vendo que os sérvios começavam a tomar o meio-campo como seu, Rui Jorge fez entrar Renato Sanches para este jogasse ao lado de Rúben Neves. Pedia-se agressividade. Renato não a trouxe. Pedia-se certeza no passe. Renato também não a traria. Nada lhe saía bem. Nada ou quase nada.

Aos 87’ saiu. À entrada da área sérvia Renato Sanches driblou Maksimović – e nem precisou de sair do lugar para o fazer: ameaçou que iria para a esquerda e não foi, ameaçou que iria para a direita mas também não foi. Esperou. Esperou mais um pouco. A espera foi pela desmarcação de Bruno Fernandes, este surgiu por nas costas dos centrais sérvios, Sanches picou (e que passe foi!) para lá a bola, deixou Fernandes isolado, cara a cara com Savić, o médio da Sampdoria não se atemorizou com o corpulento (quuuaaaaase no limiar da obesidade) sérvio e bateu-o, assegurando (agora definitivamente, pois o jogo terminaria pouco depois) a vitória de Portugal na sua estreia no Europeu Sub-21.