O grupo chinês JD.com investiu 356 milhões de euros (397 milhões de dólares) na startup luso-britânica Farfetch para atacar em força o mercado da moda de luxo da China. A parceria entre o maior retalhista chinês e o único unicórnio (empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares) com origem portuguesa tem como objetivo criar a maior plataforma para marcas de luxo na China (um mercado que se avalia em cerca de 80 mil milhões de dólares), diz a empresa em comunicado.
José Neves diz que erra muito. Mas a Farfetch vale mil milhões
“A China é o segundo maior mercado de luxo e nós estamos encantados em ter connosco um parceiro tão respeitado, conhecido pela sua estrita proteção de IP com que se relaciona com os consumidores de luxo chineses. Esta parceria endereça os desafios deste mercado combinando a marca Farfetch e a sua capacidade de curadoria com a escala e influência de um gigante do comércio eletrónico chinês. Esta parceria estratégica permitirá às marcas um acesso imediato e sem barreiras ao consumidor e compradores de luxo chineses com acesso à melhor seleção de luxo, num estilo de vida omni-canal que já adotaram”, refere José Neves, fundador e CEO da Farfetch, em comunicado.
O investimento, que faz com que a JD.com se torne no principal acionista da plataforma de comércio eletrónico de moda de luxo, alavanca as capacidades já existentes da empresa em termos de logística, compras online, tecnologia e social media, nas quais se incluem a parceria com a WeChat. A Farfetch já opera no mercado chinês e tem uma parceria com 200 marcas de luxo e mais de 500 retalhistas multimarca. O objetivo da parceria é que o grupo chinês ajude a reforçar o tráfico e vendas.
Richard Liu, fundador e CEO da JD.com, passa assim a integrar o conselho de administração da Farfetch. “Integrada na nossa estratégia de impulsionamento na área de luxo, não poderíamos ter encontrado um parceiro online mais forte do que a Farfetch,” refere Richard Liu, em comunicado.
“Sempre acreditamos que a tendência de longo prazo no e-commerce chinês seria no sentido da qualidade e esta parceria com a Farfetch amplia a nossa liderança no mercado de consumo em mobile. Queremos aprofundar as nossas relações com a Farfetch e com marcas de luxo nos próximos meses e anos”, acrescentou.
A parceria entre as duas empresa também vai ter impacto nas 700 marcas e boutiques que fazem parte da comunidade de parceiros da Farfetch e alavancar a plataforma tecnológica de marketing digital BlackDragon para diferentes áreas de retalho, e-commerce, tecnologia, finanças, viagens, educação e automóvel e criar mecanismos automáticos para disseminar o reconhecimento e posicionamento da marca na China.
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Nos últimos dois anos, a JD promoveu eventos de moda em Nova Iorque, Milão, Londres, Beijing e Shangai, e contratou Winston Cheng para liderar o desenvolvimento dos negócios internacionais com parceiros globais e investimentos no exterior. Em 2017, a empresa deu um grande impulso às áreas de luxo e moda, lançando várias marcas internacionais como a Armani, Swarovski e Zenith.
No início do mês, foi avançado que a Farfetch está a preparar a sua entrada na bolsa nova-iorquina, podendo valer 4,5 mil milhões de euros. De acordo com a Sky News, a Farfetch está prestes a escolher os bancos de investimento que vão trabalhar no processo de admissão.
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