A Caixa Geral de Depósitos baixou os prejuízos para 50 milhões de euros no primeiro semestre, resultados que Paulo Macedo apresenta com “satisfação” por estarem em linha com o plano estratégico e conterem “boas perspetivas” para o futuro.
O banco público vai fechar até ao final do ano as sucursais offshore em Macau e Ilhas Caimão, já deixou de receber depósitos no início do ano e notificou os clientes para “perguntar se querem outras opções ou se querem terminar a relação”, diz o presidente do banco público, que acrescenta que também a presença em Londres será reduzida — o plano prevê apenas um escritório de representação, pelo que vai fechar a sucursal (também até ao final do ano). Há cerca de 250 milhões em depósitos nas Ilhas Caimão e cerca de 350 milhões em Macau, números que já têm vindo a descer.
A informação foi transmitida esta sexta-feira pela administração liderada por Paulo Macedo, presidente executivo que diz que os números estão “em linha” com o plano estratégico, o que permite alguma “satisfação”. Nos primeiros seis meses de 2016, o banco público tinha registado prejuízos de 205 milhões de euros.
A evolução verificada no primeiro semestre, globalmente em linha com as projeções iniciais do Plano Estratégico, permite antever boas perspetivas de cumprimentos dos objetivos fixados para o final de 2017″, afirma o banco.
Excluindo efeitos (positivos ou negativos) extraordinários, o banco sublinha que teve um resultado de exploração core de 303 milhões de euros, uma subida de 76% em relação ao mesmo período do ano passado. Este valor exclui, por exemplo, os custos com pré-reformas que já tinham penalizado as contas do primeiro trimestre.
A beneficiar os lucros esteve uma redução de 82% nas imparidades de crédito (líquidas). Depois de 2016 ter havido um exercício de reavalição de ativos – daí os prejuízos históricos do ano passado — o banco está agora a ter menos necessidade de registar imparidades. Estas caíram de 302 milhões para 55 milhões de euros, indica o banco.
O banco público conseguiu, também, uma redução do rácio de crédito em risco de 12,2% para 9,8%. “É uma tendência que vai no sentido certo”, diz Paulo Macedo, falando sobre as exposições a ativos não-rentáveis.
Pela positiva, a margem financeira aumentou 18%, para 656 milhões de euros, o que reflete uma diferença positiva entre os custos que o banco paga para se financiar (depósitos, BCE, etc) e aquilo que cobra pelos empréstimos que concede e investimentos que faz. Os resultados com operações financeiras — sobretudo, negociação de títulos de dívida pública e com a evolução favorável de derivados financeiros a que a Caixa Geral de Depósitos está exposto (swaps) — tinham sido negativos no primeiro semestre de 2016 (-49 milhões) e agora aumentaram para 276 milhões de euros, dando um contributo importante para os resultados.
“Caixa cobra metade das comissões dos outros bancos”
No que diz respeito aos custos, houve um aumento de 2% para 638 milhões, mas este valor inclui os custos com o programa de pré-reformas. Em termos recorrentes, há uma redução de 5% para 577 milhões de euros. As comissões (e serviços) ficaram praticamente inalteradas, na ordem dos 224 milhões.
“A Caixa tem as comissões mais baixas do mercado — não em todos os produtos, nem é o objetivo — mas a Caixa cobra entre um terço e metade das comissões dos outros bancos”, diz Paulo Macedo. Com a polémica recente da reintrodução das comissões para contas de reformados, Paulo Macedo diz que não há um aumento da comissão mas, sim, havia uma isenção e que os clientes “mais vulneráveis” têm acesso às contas de serviços mínimos.
Paulo Macedo sublinhou, contudo, que “a Caixa tem uma determinação de cumprir o seu plano estratégico. O acordo que foi celebrado é no sentido de um aumento das comissões“, afirma Paulo Macedo, lembrando que é preciso fazer a Caixa voltar à rentabilidade depois dos vários anos de prejuízos. Ainda assim, o banco público antecipa que 541 mil clientes continuem a receber isenção de comissões, mais aqueles que venham a optar por contas de serviços mínimos. Algumas isenções de comissão terminam a 1 de setembro.
CGD acaba com isenções em centenas de milhares de contas a 1 de setembro
Tal como Nuno Amado, do BCP, que criticou os custos que a banca tem com contribuições para fundos, Paulo Macedo lembrou que a Caixa paga 36 milhões para o Fundo de Garantia de Depósitos e 37 milhões para o Fundo de Resolução, a cada ano.