O Parque dos Príncipes tornou-se ao início da tarde uma espécie de mega discoteca para a apresentação de Neymar aos sócios e adeptos do PSG. Mas, verdade seja dita, se em vez de ter os sons do DJ Martin Solveig a abrir contasse com um bom pagodinho, podia ter sido uma daquelas festas que o brasileiro gosta: sol, ambiente cool, gente bem disposta a dançar nas bancadas. Até que o avançado entrou no relvado e foi o delírio.

A cerimónia teve mais ou menos meia hora e começou com a chamada ao palco do presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, introduzido como “o homem que faz tudo pelo clube e que conseguiu agora a contratação que todos sabem”. Percebeu-se a vontade de “humanizar” o proprietário do clube, deixando claro que, ao contrário do que se tem lido com frequência esta semana, a grande ambição dos donos do conjunto parisiense é ganhar títulos. “É uma grande estrela, um grande jogador. Obrigado Neymar, obrigado a todos. Agora é hora de trabalhar, vai ganhar os teus troféus”, atirou Nasser Al-Khelaifi, que esteve dois minutos para tentar falar porque ninguém se calava no estádio com a nova música “Neymar, Neymar, Neymar!”.

Quando o brasileiro entrou em campo, vestido com o equipamento do PSG mas meias em baixo, foi a explosão. “Bem-vindo Neymar” e “Ici c’est Paris” eram as duas frases que se iam sucedendo nos ecrãs. São as duas imagens de marca, num misto de abrasileiramento do PSG e de colocação de Paris no centro do mundo. Neymar benzeu-se e orou quando entrou com o pé direito no relvado e as câmaras focaram o pai do jogador nas bancadas, visivelmente emocionado com tudo o que estava preparado para o novo número 10 dos franceses.

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“Merci!”, começou por atirar. “Estou muito feliz, a cumprir um outro grande sonho. Vim para outro grande desafio mas vim para fazer história”, destacou depois, antes da tradução para francês. “Ici c’est Paris! Merci beaucoup!”, rematou, antes do abraço a Nasser Al-Khelaifi e do fogo de artifício junto ao palco da apresentação.

Antes de começar a volta olímpica pelo estádio, o brasileiro ainda deu uns toques na bola enquanto se ouviam os batuques de tambores típicos da música brasileira. Depois, rodeado de muitas crianças que lhe iam passando as bolas para chutar para a bancada, lá foi acenando e agradecendo o apoio. Quando via bandeiras ou camisolas do Brasil, não atirava as bolas para o ar mas sim para eles. Uma das vezes, até foi à mão.

Só quando se aproximou do topo onde está a claque do PSG foi diferente. Deixou-se ficar mais tempo, começou a colocar a mão no coração, levantou o punho fechado em sinal de vitória. Foi de tal forma que, quando estava na central prestes para ir embora, saiu disparado a correr para a bancada atrás da baliza e atirou a camisola 10 para o meio da claque. Ele consegue encantar adeptos pelo que é, mas também capricha pelo que faz.

O sistema de rega já estava ligado. Voltou a ouvir-se Martin Solveig. Depois, os guarda-redes entraram para aquecimento ao som de Alicia Keys e os jogadores de campo com Nirvana. O Parque dos Príncipes, que vai receber esta tarde a estreia do PSG na Ligue 1 frente ao Amiens, é mais do que um palco para o futebol. É espetáculo, é entretenimento, é música. E a que mais se ouviu foi “Neymar, Neymar, Neymar!”.