O Presidente da República saudou, este sábado, o facto de o Observador apoiar o projeto de reflorestação da freguesia de Alvares, mas destacou que, neste momento “virado para o futuro”, não se pode “deixar de analisar o que se passou no passado e apurar responsabilidades”.

Na cerimónia de lançamento do plano de reflorestação — que os acionistas do Observador apoiam, financeiramente, com 60 mil euros — Marcelo Rebelo de Sousa disse que um mês e meio depois da tragédia que atingiu Pedrógão Grande, Góis e Castanheira de Pera o país não deve “esquecer o que se passou” e deve “investigar o que se passou para tirar lições”. O chefe de Estado acrescenta: “Caso contrário não aprendemos”.

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O Presidente da República considerou que o financiamento do programa de reflorestação em Alvares é “um exemplo nacional” dado pelo Observador por ter “entendido que cabia na sua responsabilidade social um projeto destes”. E destacou o facto de o projeto vir de uma entidade “independente”, que não ficou à espera dos apoios públicos e avançou para um plano “concreto, viável, exequível”.

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Marcelo Rebelo de Sousa não se lembra de um apoio de um órgão de comunicação social deste género, embora recorde que, quando era jovem, os órgãos de comunicação social recolhiam fundos, “principalmente em situações de catástrofe”. O Presidente lembrou ainda a importância de o Observador, como órgão de comunicação, poder fazer o acompanhamento e o escrutínio da forma como o projeto está a ser executado e o dinheiro está a ser aplicado.

O chefe de Estado disse ainda que tenciona ir “periodicamente a toda esta área” e que ainda este mês lá voltará pois, nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, “é diferente acompanhar à distância ou no terreno” e é preciso “comparar aquilo que é preciso fazer com aquilo que está a ser feito”. “É preciso olhar para esta realidade permanentemente para que o país metropolitano não se esqueça.”

Na abertura da cerimónia, José Manuel Fernandes, publisher do Observador, explicou que o projeto nasceu quando os acionistas do jornal lhe ligaram a perguntar “como podiam ajudar”, quando o incêndio ainda lavrava no terreno. José Manuel Fernandes lembrou que “não há soluções fáceis” e que o valor doado não é propriamente uma “contribuição milionária”, mas irá “permitir algo de novo e positivo”, e irá proporcionar uma reflorestação com o melhor “apoio técnico e científico”.

O publisher do Observador confessou como foi “devastador” passar pelas estradas na área ardida, mas tem esperança de que este projeto executado em Alvares possa “ser exemplo para outras regiões” e que esse exemplo possa ser amplificado pelo Observador, que tem essa facilidade enquanto órgão de comunicação social.

Ao professor José Miguel Cardoso Pereira coube explicar à população de Alvares como vai decorrer o plano de reflorestação, de forma a que a floresta seja sustentável e o combate a incêndios se torne mais eficaz.

Os 60 mil euros doados por acionistas do Observador destinam-se a apoiar a reflorestação de Alvares, onde os recentes fogos consumiram mais de 80% da floresta. Procurar-se-á também identificar soluções e caminhos que sejam válidos para toda a região do Pinhal Interior.

A sessão contou com a presença da presidente da Câmara de Góis, Lurdes Castanheira, bem como de representantes do Observador (José Manuel Fernandes, publisher, e Jaime Gama, presidente do Conselho Geral), o responsável pela equipa científica que vai implementar o projeto, Prof. José Miguel Cardoso Pereira, do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia, e os membros do Núcleo Fundador da Zona de Intervenção Florestal (ZIF) da Ribeira do Sinhel.

A verba recolhida entre os acionistas do Observador serão doados ao Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa. Destinam-se a financiar o trabalho científico e técnico de suporte à reflorestação da freguesia de Alvares, assim como ao desenho de ações capazes de contribuírem para a recuperação das populações e do território, bem como de reduzirem as suas vulnerabilidades futuras.

Este financiamento procurará assim não só apoiar uma freguesia devastada pelos incêndios, como contribuir para a consolidação de um movimento associativo de proprietários, que quer gerir em conjunto uma área caracterizada pela muito pequena propriedade.

Já se disponibilizaram para colaborar no projeto numerosos especialistas membros do Centro de Conhecimento do Fogo Rural, dinamizado pela Universidade de Lisboa, assim como um conjunto de técnicos com grande experiência.

A organização e montagem desta cerimónia em Alvares contou com a colaboração solidária da CASE Imagine.