A associação Zero considera que o Plano de Ação para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal (PACLIP) tem atrasos nas metas definidas até ao final de 2016 devido à insuficiência e adequação de recursos financeiros.

Em comunicado, a Associação Sistema Terrestre Sustentável (ZERO) refere que perante esta situação é necessário um novo impulso nas atividades de conservação no terreno, por forma a não colocar em risco o processo de reintrodução desta espécie emblemática em risco de extinção.

Segundo a ZERO, o relatório do progresso do PACLIP referente aos anos de 2015 e 2016 revela um fraco nível de implementação do plano.

“Se o nascimento de 24 animais no Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico, nos anos de 2015 e 2016, pode ser considerado um sucesso, não deixa de ser preocupante constatar que a execução de novas infraestruturas com melhores condições para a reprodução da espécie em cativeiro, cuja conclusão estava prevista para final de 2016, ainda não passou da fase de projeto, bem como a existência de constrangimentos financeiros ao funcionamento do programa em curso”, sublinha a ZERO em comunicado.

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Ao nível das atividades de reintrodução da espécie, o ponto de situação é também considerado preocupante uma vez que se verifica apenas 28 por cento de execução nas metas e produtos prevista até ao final de 2016.

De acordo com a ZERO, das 31 metas ligadas a objetivos operacionais de nível de prioridade crítica, apenas 10 foram concretizadas, enquanto nas relativas a objetivos operacionais de nível de prioridade alta foram executadas apenas 6 das 12 previstas.

A associação aponta ainda como negativo a existência de atrasos nos estudos relativos à identificação e cartografia de novas áreas que possam vir a suportar novas populações, medida tida como essencial para a promoção da qualidade e dimensão de habitat adequado para o Lince-ibérico, assim como a ausência de dados concretos no que se refere ao número e dimensões das intervenções de recuperação e melhoria do habitat já realizadas no sítio Moura/Barrancos e no sítio do Guadiana.

No que respeita à minimização das ameaças, em particular quanto à prevenção e mitigação do risco de envenenamento, de atropelamento, dos riscos sanitários e de eventuais conflitos, a ZERO considera que existe ainda um longo caminho a percorrer, com atrasos na concretização das ações previstas.

“De salientar que foram já registados nove casos de envenenamento na área onde a espécie foi reintroduzida e, pese embora tenham sido já efetuadas duas ações de fiscalização em Mértola com cães especializados na deteção de venenos, não se compreende o atual estado de paralisia que se regista na reformulação do programa Antídoto”, refere a ZERO em comunicado.