O carvalho que caiu esta terça-feira em cima de uma multidão no Funchal, matando 13 pessoas, já tinha sido sinalizado pelos habitantes daquela zona às autoridades. Além disso, em março deste ano, em dia de vento forte, já tinha caído um galho de grande porte.
António Mendonça, residente naquela zona do Funchal, disse numa entrevista à RTP Madeira que a tragédia desta terça-feira era “previsível”. Segundo aquele cidadão, a autarquia do Funchal já tinha sido avisada para a situação vulnerável daquela árvore.
Avisos à câmara são feitos há 14 anos
“Houve uma comunicação à vereação anterior [de Miguel Albuquerque], à atual [de Paulo Cafôfo] e notificação judicial”, adiantou o António Mendonça, único habitante daquele largo. “Foram notificados para virem proceder ao corte desta árvore e da outra que estava atrás. Nada fizeram enquanto estiveram no pelouro.”
Ao Funchal Notícias, António Mendonça refere que os avisos são feitos “há 14 anos para cá” e que em 2017 já o tinha feito por duas vezes.
Segundo António Mendonça, as respostas da autarquia do Funchal não foram satisfatórias. No tempo de Miguel Albuquerque, que foi autarca naquele concelho entre 1994 e 2013, a resposta terá sido que “é natural que caiam coisas das árvores”. Já durante o mandato de Paulo Cafôfo, que começou em 2013, terá sido dito que “as árvores estavam de boa saúde”.
Em março já tinha havido uma situação semelhante naquela zona, mas daquela vez sem vítimas mortais nem feridos. A 13 de março deste ano, dia em que se registaram ventos fortes na Madeira, caiu naquela zona um galho de grande porte, que segundo António Mendonça teria 12 metros de comprimento e 30 centímetros de diâmetro. Na altura, a ocorrência foi noticiada no jornal online Funchal Notícias. “Por sorte não caiu em cima de nenhum turista”, recordou à RTP.
Segundo o Diário de Notícias da Madeira, o carvalho que hoje terá matado pelo menos 13 pessoas estava sinalizado desde 2014 — entretanto, o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafôfo, garantiu que a árvore que caiu esta tarde não é um plátano, mas sim um carvalho.
Miguel Albuquerque: “As pessoas estão emocionadas e começam a fazer especulações”
Em conferência de imprensa, a primeira depois da tragédia, Miguel Albuquerque reagiu a estas acusações. “Nesta altura, como sabe, as pessoas estão emocionalmente com grande carga e obviamente começam a fazer essas especulações”, disse Miguel Albuquerque. Paulo Cafôfo não esteve presente na conferência de imprensa.
O social-democrata refere que a monitorização das árvores fazem parte da “área” da autarquia e não do Governo Regional da Madeira. “Eu, como presidente do governo, assumo as minhas responsabilidades. Quem tem outras de jurisdição, tem as suas [responsabilidade]”, disse.
O presidente do Governo Regional da Madeira recusou comentar mais o assunto, dizendo que “neste momento temos de nos concentrar em apoiar os familiares das vítimas”.
Artigo atualizado às 19h50 com o número de vítimas mortais. A árvore que caiu é um carvalho e não um plátano, como inicialmente foi noticiado.