Numa época em que há smartphones que custam mais do que computadores potentes, pode ser fácil esquecer que ainda há telemóveis que podemos comprar com características semelhantes aos topos de gama mais conhecidos. Prova disso são os modelos Aquaris X e X Pro, da espanhola BQ. A primeira versão custa no mínimo 270 euros e a segunda custa pelos menos 314 euros. Sólidos — da robustez do equipamento ao software (o sistema operativo é Android puro) — são smartphones de gama média que deixam pouco ou nada a desejar.
Com 153 e 158 gramas (a versão Pro tem mais 5 gramas), os Aquaris são equipamentos leves, mas que se sentem no bolso. São elegantes e o design não difere entre os dois. A versão normal opta pelo mesmo revestimento lateral em alumínio que o Pro. Já na cobertura traseira, a versão normal é coberta por policarbonato, enquanto a versão Pro faz jus ao nome com um bonito revestimento de acrílico.
Quando fizemos esta análise, não andámos a atirá-los ao chão, mas utilizámo-los durante bem mais de uma semana e podemos adivinhar que são telefones que resistem a uma queda. No entanto, usá-los sem uma capa de proteção é algo a evitar, principalmente no Pro, porque o facto de ser revestido a acrílico, faz com que deslize mais facilmente das mãos. Os cuidados com a proteção têm a ver com possíveis riscos nos cantos e na traseira do telemóvel e porque os visores frontais são de vidro. Apesar de serem os resistentes Dinotex, podem partir-se e, nestes telemóveis, implicariam um arranjo avultado.
Ambos os Aquaris têm botões integrados de barra de navegação, não sendo preciso ocupar o ecrã com isso. A escolha do layout das teclas podia (e devia) ser mais percetível. Tanto no botão direito de janelas abertas como no botão esquerdo para retroceder, a opção de design da BQ apenas mostra um ponto, sem desenho de seta ou retângulos. Já no botão central do menu, temos cinco pontos. É uma imagem dos telefones BQ e acabamos por nos habituar. No entanto, podia ser mais claro para quem não está tão familiarizado com telemóveis Android.
Em suma, não é um telefone que se compraria para a uma avó tecnófoba começar a usar o WhatsApp. Mas pelas capacidades que têm são telemóveis que merecem ser utilizados para muitas mais coisas.
Uma das características mais cool — além do duplo toque para acordar os ecrãs, do qual somos fãs — é o sensor de impressões digitais na parte traseira. O facto de este botão poder aparecer atrás ou à frente diverge opiniões e a nossa é a de que seria mais prático este botão aparecer com o do menu. Contudo, o reconhecimento funciona e mostra-se bastante prático. Não funciona de forma perfeita em ambos os telefones: foi preciso inserir o código manualmente mais do que uma vez para desbloquear o telemóvel. Mas na maioria das vezes reconheceu as impressões digitais sem problemas.
Dia e meio sem carregar bateria
Um dos pontos fortes em ambos os equipamentos é a bateria. Com 3.100 mAh aguentou, por vezes, dia e meio sem ser preciso carregar, apesar de a utilização ter sido intensiva, com várias aplicações abertas durante o dia, notificações ativadas, chamadas efetuadas e até alguns jogos. Foram raras as vezes em que ambos os equipamentos (principalmente o Pro) chegavam a 20% da bateria no final do dia.
No entanto, quando utilizámos muitas aplicações, sobretudo as de vídeo e jogos, a bateria chegou a 30% a meio do dia. Ambos os equipamento usam os “novos” USB-C e vêm com carregadores Qualcomm quick-charge 3, de carga rápida. Em 2h30, conseguimos carregar os telefones completamente (passando de 10% de bateria para 100%).
Quanto à qualidade da imagem e do ecrã, encontrámos imagens nítidas nas 5,2 polegadas que ocupam. O Quantum color + da BQ cumpre o que promete: cores vivas e imagens sempre visíveis, mesmo com o sol a bater no ecrã. Apesar de haver sempre reflexo graças ao vidro protetor, não tivemos problemas em ver o que estava no visor. O modo de luz noturna do Android Nougat (que reduz a luz azul nos ecrãs) não afeta a qualidade da imagem nestes BQ. Dá vontade de perguntar: “Como é que antes usávamos os telefones à noite sem isto?”
Com 3 GB de RAM para a versão normal e 4 GB para a versão Pro, nenhum dos equipamentos teve problemas em correr aplicações, mesmo quando corriam em simultâneo (graças ao Android Nougat). Notámos que o a versão otimizada do Aquaris tinha menos dificuldade em carregar algumas apps, mas a diferença era mínima. Ambos parecem ter alguma dificuldade em carregar aplicações que pedem mais do processador, o Qualcomm Snapdragon 626. No entanto, diferença é praticamente irrisória quando comparado com outros smartphones (até de gama mais alta).
Diferença de preço está na câmara fotográfica
É na câmara que vemos a diferença de preço da versão Pro para a normal. Estes telefones são um exemplo que os megapíxeis não são o melhor indicador da qualidade de uma câmara. A versão Pro tem uma câmara traseira de 12 megapíxeis em vez dos 16 da normal, mas as imagens capturadas são claramente melhores na versão Pro. Ambos os equipamentos portaram-se à altura para a gama em que estão inseridos. Até nas selfies. Com a câmara frontal a ter flash próprio nas duas versões, a qualidade das imagens foi bem mais do que satisfatória, valendo as lentes da Samsung que usam.
Também não tivemos problemas com o vídeo, dos vídeos 4k (com as câmaras frontais) até à filmagem em câmara lenta. Já vimos melhores, mas em gamas mais altas, o que mostra como estes BQ podem acompanhá-lo até nas viagens em que quer guardar todas as recordações.
Concluindo, os Aquaris X e X Pro até surpreendem. Vale a pena gastar mais na versão Pro? Pelo look em acrílico, sim. Para os que usam muito o telefone e facilmente notam “que aquela app podia estar um bocadinho mais rápida como as outras oito que tenho também abertas”, também. De resto, poupar umas dezenas de euros não fará muito diferença.
Pode ver as especificações completas do Aquaris X aqui e do Aquaris X Pro aqui.
*Artigo corrigido a 2 de outubro, os modelos BQ são Aquaris e não Aquarius.