A conclusão é da Associação Automóvel Americana (AAA): perto de 1/3 (28%) dos veículos novos, comercializados em 2016, não vêm com pneu sobressalente como equipamento de série, o que levou o referido organismo a ter de prestar auxílio a 450 mil associados que, de repente, tiveram um furo e deram-se conta de que não tinham um pneumático de substituição.

“Ter um pneu furado pode ser uma chatice para os condutores, mas não ter um sobressalente pode colocá-los numa situação ainda mais aborrecida”, nota o responsável pela área de reparação automóvel da AAA, John Nielsen. Quase um “pesadelo”, especialmente se acontecer longe de casa, durante a noite ou com filhos pequenos a bordo.

A ausência de pneu sobressalente pode transformar aquilo que seria uma operação relativamente simples, de mudar um pneu, numa situação inconveniente e dispendiosa por implicar a deslocação do veículo num reboque para a oficina onde poderá ser reparado.”

É normal? Por que é que isto acontece? Basicamente, porque para reduzir o peso do veículo e, assim, melhorar a sua eficiência do ponto de vista do consumo de combustível – ou apenas para anunciar uma capacidade de bagageira superior –, os construtores têm vindo a desfazer-se do pneu sobressalente nos novos modelos que colocam no mercado. Até porque muitos desses automóveis, regra geral, estão equipados com sistemas de monitorização da pressão dos pneus, que alertam o condutor para alguma situação irregular. Isto nos EUA e nos principais países europeus, porque em Portugal a situação deverá ser ainda mais grave, uma vez que por cá os automóveis mais vendidos são os utilitários, mais pequenos e com menos equipamento, que raramente usufruem de sistemas de aviso para quando um pneu começa a perder ar.

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Por outro lado, se algumas marcas optam por disponibilizar um pneu mais fino de uso temporário, sobretudo as que montam pneus mais largos, outras, em substituição do pneu sobressalente, optam por fornecer com o veículo um kit de reparação que permite inflar o pneu e solucionar, provisoriamente, exclusivamente as pequenas punções, como as provocadas por pregos, por exemplo. Sucede que, neste ponto, a AAA alerta para o facto de este tipo de kits enfermar de uma funcionalidade limitada, nomeadamente sendo incapazes de resolver o problema quando o dano é na parede lateral do pneu ou, pura e simplesmente, quando o pneu rebenta ou o rasgão tem maiores dimensões. Aí, não há kit que acuda; não há mesmo nada a fazer se não trocar de pneumático (para o que convém ter um sobressalente). Diz a AAA que “não só os kits de infladores não são um bom substituto para um pneu sobressalente, como podem custar até 10 vezes mais do que uma reparação de pneus e têm uma vida útil de apenas quatro a oito anos”.

Se não quer ser apanhado desprevenido, o melhor é seguir estas dicas:

  • Não parta do princípio que tem um sobressalente. Ao comprar um veículo novo, peça sempre uma lista detalhada do equipamento e certifique-se que pode adquirir, se for caso disso, um pneu sobressalente.
  • Inspeccione os cinco pneus. Verifique a pressão dos pneus mensalmente. Se o seu automóvel tiver pneu sobressalente, certifique-se de que ele está devidamente inflado.
  • Leia o manual. Se o seu automóvel vem com um kit para reparar pneus, leia o manual do proprietário, para perceber a que situação poderá dar resposta com esse mesmo kit e quais as respectivas limitações.
  • Verifique as datas de validade. Os kits têm um prazo. A maioria precisa de ser substituída de quatro a oito anos.
  • Considere a cobertura de assistência rodoviária. Usufruir deste tipo de serviço proporciona alguma tranquilidade ao condutor. Em caso de problema, incluindo um pneu furado, vai aparecer alguém para resolver…

Se já verificou e o seu carro está equipado com pneu sobressalente, não há problema. Claro está, desde que saiba mudar um pneu.