É um dos fotógrafos de moda mais conhecidos e, agora, está a ser equiparado a Harvey Weinstein. Apesar de não existirem denúncias, apenas fama e rumores, Terry Richardson já está a sofrer as consequências: o reconhecido fotógrafo foi impedido de trabalhar para algumas das revistas que mais vendem no mundo, Vogue incluída.

A notícia é avançada pelo The Daily Telegraph, que dá conta de um e-mail enviado pela Condé Nast International na segunda-feira de manhã, onde se lê que as publicações detidas pelo grupo deverão cessar todo o trabalho com Richardson, efeito imediato. Os colaboradores do grupo que detém revistas como Vogue, GQ, Glamour e Vanity Fair foram ainda avisados de que todos os trabalhos prontos a serem publicados, com o cunho de Richardson, deverão ser desconsiderados, “eliminados ou substituídos por outro material”.

Terry Richardson, cujas fotografias são conhecidas na indústria pelo contexto sexualmente explícito, já antes se esquivou de alegações de exploração sexual de modelos. Rumores que o fotógrafo sempre negou.

Artigo publicado este fim de semana no The Sunday Times, que está na origem da ordem executiva do grupo Condé Nast International.

Nova-iorquino de gema, Richardson é agora apanhado na onda que ganhou força e dimensão com Harvey Weinstein — produtor acusado publicamente de assédio sexual por dezenas de mulheres — com o jornal britânico The Sunday Times a escrever, durante o fim de semana, um artigo com o título: “Porque é que Terry Richardson, que filmou o vídeo ‘Wrecking Ball’ de Miley Cyrus, continua a ser celebrado por fashionistas?”. De referir que no videocliop a cantora está nua — Cyrus já admitiu estar arrependida desse facto — e existe uma conotação sexual muito forte.

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O fotógrafo chegou a estar em disputa com a Condé Nast International, a propósito das condições do seu contrato, mas ao grupo bastaram apenas 24 horas para cessar qualquer vínculo profissional com o artista. Na mensagem enviada via e-mail por James Woolhouse, vice-presidente executivo da empresa, lê-se que: “Quaisquer fotografias que tenham sido comissionadas ou que já estejam finalizadas, mas ainda por publicar, deverão ser eliminadas ou substituídas por outro material. Por favor confirme que esta medida é acionada no seu mercado com efeito imediato”.

Imagem da carta que o fotógrafo escreveu e que foi publicada num blog do The Huffington Post.

O fotógrafo chegou a publicar, em 2014, uma carta aberta no The Huffington Post, onde escreveu que colaborou sempre “com o consentimento de mulheres adultas que estavam plenamente conscientes da natureza do trabalho”. “Nunca usei uma proposta de trabalho ou uma ameaça de repreensão para coagir alguém a fazer algo que não quisesse fazer”.

Quem é Terry Richardson?

Aos 52 anos, Terry Richardson está na lista dos mais requisitados fotógrafos de moda do mundo. Conhecido pelo registo provocador e sexual com que sempre fotografou as principais celebridades de Hollywood, é um nome assíduo em publicações como a Rolling Stone, GQ, Vogue, Vanity Fair, Harper’s Bazaar, i-D e Vice. Já fotografou para a Tom Ford, Marc Jacobs, Gucci e Saint Laurent, entre outras grandes marcas. O norte-americano é o responsável por imagens provocantes de Beyoncé e Rihanna. No final de 2013, fotografou Madonna para a capa da Harper’s Bazaar, uma produção que correu o mundo pela mistura de sensualidade e elementos bélicos.

https://www.instagram.com/p/BXn6L-zjPp6/?taken-by=terryrichardson

Esta não é a primeira que Richardson enfrenta acusações de assédio sexual. Em 2014, veio a público defender-se, após ter sido apontado pela sua má conduta por várias modelos que já tinha fotografado.

O trabalho de Terry Richardson tem ido muito além dos editoriais e campanhas. Em 2013, realizou o videoclip do tema Wrecking Ball, de Miley Cyrus. Richardson foi ainda responsável por algumas das imagens mais provocantes da artista divulgadas na mesma altura. Em 2011, formou uma espécie de dupla criativa com Lady Gaga, que resultou na publicação do livro de fotografia Lady Gaga x Terry Richardson, com 300 fotografias da cantora tiradas durante 10 meses em que o fotógrafo teve livre acesso aos bastidores da The Monster Ball Tour.