O Parlamento Europeu escolheu a oposição democrática venezuelana como a vencedora da edição de 2017 do Prémio Sakharov, distinção máxima no campo dos direitos humanos. Os outros candidatos à vitória eram a activista indígena guatemalteca, Aura Lolita Chavéz Ixcaquic, e o jornalista sueco-eritreu Dawit Isaak, que está preso desde 2001 por publicar informações favoráveis à abertura democrática a Eritreia.
O galardão, é atribuído pelo Parlamento Europeu — do qual António Tajani é presidente –, e é tido como o reconhecimento máximo atribuído a quem se destacou no campo da defesa dos direitos humanos. Tem incluído um prémio monetário de 50 mil euros e pressupõe um aumento exponencial da abrangência das mensagens anti-injustiça.
A escolha da oposição venezuelana surge depois da forte campanha realizada pelo Partido Popular Europeu e o grupo ALDE (Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa). Com esta vitória, o Parlamento Europeu (o órgão comunitário que mais apoio público tem prestado à causa venezuelana) volta a lançar uma mensagem ao governo de Nicolás Maduro, depois de ainda neste Verão ter lançado duras críticas ao autoritarismo do seu regime. Vale a pena recordar que este mesmo órgão foi um dos primeiros a anunciar que não reconhecia a Assembleia Constituinte criada pelo regime depois deste ter dissolvido a Assembleia Nacional controlada pela oposição.
A candidatura ao prémio personifica o movimento gerado por ativistas como Julio Borges, o presidente da Assembleia Nacional, e vários outros presos políticos como Leopoldo López, Antonio Ledezma, Daniel Ceballos, Yon Goicoechea, Lorent Saleh, Alfredo Ramos e Andrea González.
Esta é a segunda vez que a oposição venezuelana chega à fase final do processo de atribuição do prémio. A última aconteceu há dois anos, quando o blogger saudita Raif Badawi se sagrou vencedor. No total, três representantes da América Latina já ganharam este prémio — todos estavam ligados a Cuba e ao regime de Fidel Castro.
Na página oficial do prémio, o Parlamento Europeu relembra que actualmente, na Venezuela, “existem mais de seiscentos presos políticos”. Destaca ainda que “desde o início deste ano, mais de 130 opositores políticos do regime foram assassinados” e cerca de “500 foram arbitrariamente presos”.