Só em 2016 foram despejadas, via Balcão Nacional do Arrendamento (BNA), 1.931 famílias, um número que corresponde quase ao dobro daquele referente a 2013. Os dados do Ministério da Justiça, recolhidos pelo Diário de Notícias e pelo Dinheiro Vivo, mostram que nos primeiros nove meses do ano registaram-se 1.480 despejos. Feitas as contas, 5,5 famílias são despejadas por dia. Na origem desta situação, escrevem ambas as publicações, citando a Associação de Inquilinos, estão os salários baixos e as rendas cada vez mais difíceis de pagar.

Os números reais poderão, no entanto, ser bem maiores, dado que há mais processos a entrar diretamente nos tribunais. Ao DN e ao Dinheiro Vivo, António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários, admite que os dados do BNA possam representar “apenas um terço do total de títulos de desocupação do local emitidos em Portugal”.

Aos dados já apresentados, acrescentam-se os 4361 requerimentos de despejo que o Balcão Nacional do Arrendamento recebeu no ano passado, dos quais 64% foram recusados. Apesar de 1931 famílias terem ficado sem casa em 2016, é provável que o número seja ultrapassado em 2017.

De referir que, em junho deste ano, o Banco de Portugal manifestou-se preocupado com os ricos de uma bolha imobiliária tendo em conta, não só mas também, a subida do preços das casas em algumas regiões do país. Um mês antes, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) admitia que, tanto em Lisboa como no Porto, e ainda no Algarve, “o preço das casas está elevado, acima dos valores razoáveis”.

“Em Lisboa está tudo à espera de arrendar a casa à Madonna”

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