A CR7 Footwear, a marca de sapatos não desportivos de Cristiano Ronaldo, foi mundialmente lançada em fevereiro de 2015. Um ano antes, enquanto apresentava o projeto, o jogador português elogiou largamente a indústria portuguesa de calçado, chegando a dizer que era “hoje reconhecida como uma das melhores do mundo, graças à sua capacidade de criação, produção, design e moda” e que, exatamente por isso, tinha escolhido produzir a sua marca em Portugal.

Depois de ter marcado presença em dois anos consecutivos, este ano a CR7 Footwear já não esteve na Micam, a maior feira de calçado do mundo, em Milão. O motivo é simples: não havia novidades. Neste momento, a marca só tem disponíveis sapatos da coleção outono/inverno de 2016.

Em declarações ao Jornal de Negócios, o CEO da Portugal Footwear revela que “o contrato acabou no final do ano passado”. Sem adiantar detalhes sobre o porquê da separação, Paulo Gonçalves explica que a perda de um cliente tão importante deixou a empresa numa situação económico-financeira muito sensível.

“Apresentámos um Processo Especial de Revitalização para a reestruturação da empresa”, conta Paulo Gonçalves, acrescentando que o facto de terem perdido a licença de conceção, produção e comercialização da marca de Cristiano Ronaldo e estas dificuldades “estão ligados”.

Atualmente, a Portugal Footwear tem pouco mais de 20 trabalhadores e capacidade para produzir cerca de 200 pares de sapatos por dia, mas Paulo Gonçalves diz que é necessário “redimensionar a empresa em função da nova realidade”. A dívida total da empresa atinge os 6,8 milhões de euros, a um total de 158 credores, sendo que mais de metade do crédito é subordinado e corresponde a avales, pelo que “o passivo efetivo ronda os 2,5 milhões de euros”.

A CR7 Footwear, que era produzida em meia dúzia de fábricas portuguesas, com promessa e internacionalização e uma vasta rede de lojas monomarca, saiu oficialmente de Portugal.

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