“Pablo Iglesias cobrava e pagava com um saco azul”; tanto o líder do Podemos como o seu co-fundador, Juan Carlos Monedero, “encheram os bolsos” com dinheiro dos governos da Venezuela e do Irão; “os cinco eurodeputados eleitos pelo Podemos nas eleições europeias não teriam sido possíveis sem que Iglesias e Monedero tivessem os bolsos cheios”; “o dinheiro chegava-lhes das maneiras mais inimagináveis, umas vezes era em cash, em notas de 500, outras vezes mediante transferência bancária”.
Não foi a primeira vez que Enrique Riobóo, diretor do Canal 33 onde Iglesias fez a terceira temporada de La Tuerka (o seu programa semanal de entrevistas que o transformou numa estrela medíatica em Espanha), denunciou as alegadas relações do Podemos com os governos venezuelano e iraniano. Riobóo é autor de “La cara oculta de Pablo Iglesias”, onde tece acusações semelhantes. A diferença é que, desta vez, o jornalista falou no Senado espanhol e em resposta às dúvidas dos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Financiamento dos Partidos Políticos.
Questionado por Luiz Aznar, porta-voz do Partido Popular (partido que propôs a formação da comissão), Riobóo revelou quando e em que circunstâncias conheceu Iglesias e Monedero. Decorria o ano de 2012, quando os então professores universitários, a dois anos de fundarem o partido de esquerda radical Podemos, lhe propuseram emitir La Tuerka a partir do Canal 33. Também garantiu que o par chegou mais tarde a fazer-lhe uma proposta de aquisição do próprio canal avaliada em 1,2 milhões de euros.
De acordo com Enrique Riobóo, era o governo de Hugo Chávez que garantia, entre outras coisas, o financiamento do programa. Segundo o jornalista, essa função passou a ser desempenhada pelo Irão depois da morte do presidente venezuelano. Tal financiamento iraniano seria feito através dos diretores do canal HispanTV, produzido pela República Islâmica do Irão para os países latinos.
O jornalista contou que, nos últimos tempos de Chávez, Monedero chegou a viajar até Caracas, onde foi recebido pelo então presidente interino, Nicolás Maduro. Regressou “dececionado” e de mãos a abanar: Maduro era “apenas um condutor de autocarro” que não sabia liderar a revolução iniciada por Chávez, ter-se-á queixado Monedero no regresso.
Mas, em 2013, nas “III jornadas de marzo”, Iglésias já tinha confirmado que o programa era financiado pelo Irão: “A política é assim e não vamos ser os únicos imbecis a não fazer política quando todo o mundo faz política”.