No dia em que o Governo socialista completa o seu segundo aniversário, a líder democrata-cristã aproveitou o encerramento da Escola de Quadros do CDS, em Peniche, para acusar o atual Executivo de ser o “Governo da habilidade, da ligeireza, da falta de profundidade, da incapacidade de assumir responsabilidades”, revelando sinais de “arrogância democrática” e “desorientação política”.

Para Assunção Cristas, António Costa governa, na verdade, para “a imagem, para a fotografia e para a propaganda”. Um primeiro-ministro, continuou a líder do CDS, que paga “estudos sobre o impacto dos incêndios na sua popularidade em vez de assumir prontamente pagar indemnizações às vítimas” e que agora paga, “com dinheiro dos contribuintes”, avaliações sobre “a sua performance e perguntas ao Governo, fazendo lembrar as crianças contratadas como figurantes”.

O chorrilho de cristas dirigido a António Costa não ficaria por aqui. Segundo Cristas, este é também o Governo da “falta transparência”, seja no caso do Orçamento do Estado, seja no relatório sobre Pedrógão Grande, seja no “grave e bizarro episódio de Tancos” ou no caso dramático da legionela. Mas não só. É também o Governo do “discurso contraditório” que diz, por um lado, que austeridade acabou, mas, afinal, “já não consegue chegar a todo o lado e a cumprir todas as promessas”.

Num discurso de pouco mais de 15 minutos, a líder do CDS acusou ainda o Governo de não saber “reagir na dificuldade e na tragédia”, de não ser capaz de assumir “qualquer responsabilidade” e de ter “falta de seriedade e honestidade política”. Mais, continuou Cristas: “É o Governo que convive mal com a crítica — onde há política, vê ataque numa de ‘quem não está connosco está contra o país'”. “Onde é que já vimos isto?”, perguntou, numa referência implícita aos governos de José Sócrates.

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E no centro desta estratégia deliberada de desresponsabilização, reiterou Assunção Cristas, está António Costa, incapaz de “pedir desculpa quando a falha é tão grave que põe a nu o total falhanço do Estado”. “Este”, disse a líder do CDS, “é um Governo com sinais de arrogância democrática e desorientação política”, que tem “cometido erros atrás de erros”, liderado por um primeiro-ministro “refém de sim mesmo, do que disse, prometeu e não fez, acossado pela sua ambição e pela incapacidade de ver mais do que o poder no sentido mais puro: o poder pelo poder”.

A democrata-cristã deixou ainda a garantia de que o partido continuará a trabalhar para ser uma alternativa e a insistir numa “visão diferente, assente transparência no relacionamento com todos os portugueses, no rasgo e na ambição de chegarmos mais longe, na visão que abarca o médio e longo prazo” — expressão que repetiu, pelo menos, mais uma vez, sinal de que o CDS está disposto a reforçar e a alargar a sua base de apoio, disputando o espaço de centro-direita.

A terminar, um anúncio em primeiro mão: aproveitando o ciclo de conferências “Ouvir Portugal”, com Cristas a tentar replicar no resto do país o que fez em Lisboa, a líder do CDS aproveitou o encerramento da Escola de Quadros para revelar que escreveu uma carta “a todos os portugueses”, que entregará diretamente na rua, de norte a sul do país. “Com as ideias e as opiniões de todos estou certa de que chegaremos muito mais longe”, rematou Assunção Cristas.