O primeiro-ministro António Costa utilizou a mensagem de Natal para recordar as vítimas dos incêndios que assolaram Portugal ao longo de 2017 — um ano que, como o próprio admitiu, “foi dramaticamente marcado pela perda de vidas humanas”.
Numa mensagem de Natal pré-gravada e transmitida na RTP1, como é tradição, o primeiro-ministro aproveitou o momento para falar sobre a dimensão dos incêndios de junho (em Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos), onde morreram mais de 60 pessoas, e os de outubro, onde num só dia se registaram mais de 400 fogos em diferentes partes do país. “Não esqueceremos nunca a dor e o sofrimento das pessoas, nem o nível de destruição desta catástrofe”, assegurou o primeiro-ministro, utilizando várias vezes a palavra “tragédia” para se referir ao conjunto de incêndios que devastaram o país.
“Foi um momento de luto nacional, que sofremos coletivamente”, resumiu, num tom que contrasta com o que foi utilizado em outubro por alguns membros do Governo, quando o próprio Costa avisou que “não há bombeiros para acorrer a todas as situações” e o ex-secretário de Estado Jorge Gomes pediu às populações que fossem mais “resilientes”.
Destacando a “onda de solidariedade” que varreu o país e os exemplos de altruísmo e coragem que disse ter encontrado em várias das populações afetadas (como Vila Facaia, Oliveira de Frades ou Castanheira de Pêra) Costa prometeu mais ação política para “prevenir e evitar, naquilo que é humanamente possível, tragédias como a que vivemos”.
Mais concretamente, o primeiro-ministro prometeu melhorias na prevenção e combate aos incêndios e, sobretudo, colocando o foco nas alterações estruturais: “a revitalização do interior e o reordenamento da floresta”, que disse exigirem tempo. “É um grande desígnio de Portugal e dos portugueses”, resumiu.
Do “ceticismo” à “conquista da credibilidade”
O primeiro-ministro aproveitou também a mensagem de Natal para falar sobre os bons resultados económicos alcançados por este Governo, destacando “o maior crescimento económico desde o início do século” e “o défice mais baixo da nossa democracia” — resultados que, segundo Costa, trouxeram reconhecimento internacional.
“Não foi fácil”, admitiu. “Ainda há dois anos, quando pela primeira vez partilhei convosco esta noite de Natal, muitos escutaram com ceticismo o meu triplo compromisso de alcançarmos ‘mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade’.”
“Libertámo-nos da austeridade e conquistámos a credibilidade”, afirmou o primeiro-ministro sobre o momento presente. “Estes resultados mereceram o reconhecimento internacional, permitindo-nos diminuir o peso da nossa dívida, reduzir os seus custos, libertando recursos para podermos investir responsavelmente na melhoria do nosso sistema de ensino, do serviço nacional de saúde, na modernização do país”, declarou, classificando o momento atual como “um caminho sólido e sustentável”.
Olhando para o futuro, António Costa prometeu colocar a criação de “mais e melhor emprego” como prioridade principal do Executivo no próximo ano, garantindo “emprego qualificado” e “habitação acessível” para os mais jovens. Para o primeiro-ministro, essa é a única forma de garantir um “crescimento sustentável” para Portugal, por forma a estar apto para lidar com os novos desafios deste século — como as “alterações climáticas”, a “sociedade digital” e o “declínio demográfico”.