Fernando Pinto faz um “balanço muito positivo” dos muitos mandatos que fez enquanto presidente executivo da TAP. Mas, na hora da despedida ao fim de 17 anos, o gestor brasileiro lembra, numa mensagem aos trabalhadores, as muitas dificuldades que a empresa atravessou neste período.

Para o gestor que foi contratado para privatizar a TAP, o que só conseguiu mais de uma década e meia depois, “foram 15 anos de sobrevivência. Sobreviver à falta absoluta de capital — o Estado estava impedido de meter dinheiro na TAP pública –, às imensas flutuações cambiais, à reestruturação da frota e por fim à chegada das low cost“. E podia acrescentar à lista, a escalada do preço dos combustíveis, o resgate a Portugal e até a greve de pilotos de 2015 que agravou as dificuldades de tesouraria da TAP.

Fernando Pinto destaca a estratégia seguida, e que passou por tirar partido da posição geográfica do hub de Lisboa e aumentar as rotas para África e Brasil. Lembrando que a TAP se transformou na companhia área líder nas ligações entre a Europa e o Brasil, Fernando Pinto assinala: “Encontramos o nosso espaço, na cada vez mais competitiva indústria da aviação. E fizemos aliados”, referindo a entrada da companhia portuguesa numa das principais alianças internacionais, a Star Alliance.

Num discurso que deixa de lado episódios menos bem sucedidos da estratégia da TAP, como a tentativa de compra da Varig e a aquisição da empresa brasileira de manutenção VEM, Fernando Pinto fala em muitos obstáculos e dificuldades, mas também de momentos de superação. Diz que foi um dos “maiores desafios da minha equipa de gestão”. Mas não esquece o papel dos colaboradores da TAP na hora de fazer o balanço muito positivo.

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Os verdadeiros heróis destes resultados são todos vós”, afirmou Fernando Pinto.

Para o gestor, a privatização realizada em 2015, e muito contestada pela oposição — e parcialmente revista pelo Executivo PS –, foi o ponto de viragem. A venda de uma parte do capital, primeiro o controlo e depois 50%, permitiu “iniciar um novo ciclo na TAP”. A empresa, na descrição do seu ainda presidente, é uma companhia “com uma estratégia clara e bem definida, bem posicionada numa estratégia de crescimento”. Fernando Pinto realça o recorde de passageiros, o quadro acionista estável, as parcerias e alianças.

A TAP, diz “é hoje três vezes maior do que quando aqui cheguei”: três vezes mais receitas, três vezes passageiros, três vezes mais rotas e três vezes mais aviões”. E está a atravessar um “período de resultados extremamente positivos”. “O meu sentimento hoje é de absoluta realização profissional e e pessoal. De missão cumprida”.

Fernando Pinto deixa ainda uma palavra de reconhecimento o seu antigo colega, Manuel Torres, que aponta como o principal obreiro do hub de Lisboa, e ao seu sucessor, Antonoaldo Neves que convidou para trabalhar na comissão executiva da TAP a seguir à privatização que descreve como um profissional com grande know how no setor, bem como um executivo de perfil internacional. E tal como Fernando Pinto, também tem cidadania portuguesa.

O gestor de 68 anos vai permanecer como consultor externo da TAP.