Martin Schulz anunciou na noite de hoje a sua saída imediata da presidência do Partido Social-Democrata (SPD) em crise, mas a sua substituta designada, Andrea Nahles, vai enfrentar novas dificuldades para lhe suceder devido a uma rebelião interna.

“Anunciei às instâncias do partido que a partir de hoje deixo as minhas funções”, declarou aos media em Berlim.

“O SPD necessita de uma renovação em termos de pessoas e de programa”, acrescentou.

Na semana passada Martin Schulz já tinha anunciado a intenção de renunciar ao cargo. Pretendia então transferir a liderança do partido para Andrea Nahles, atual presidente do grupo parlamentar do SPD, com o objetivo de se tornar ministro dos Negócios Estrangeiros do futuro Governo de Angela Merkel.

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Em poucos dias, este cenário foi posto em causa. Martin Schulz renunciou então ao posto de chefe da diplomacia devido às críticas das bases do partido, que o censuraram por pensar em demasia na sua carreira pessoal e por incumprimento de uma promessa.

No final de 2017, e após uma pesada derrota do partido nas eleições legislativas, Schulz afirmou que jamais integraria um Governo dirigido pela chanceler conservadora. A sua pretensão em tornar-se no futuro chefe da diplomacia também foi mal recebida pelo atual detentor do lugar, Sigmar Gabriel, outro dirigente do SPD.

Na noite de hoje Martin Schulz reconheceu que a presidência do partido é um “posto difícil” e assegurou que vai partir “sem amargura”.

Eleito há apenas um ano para a liderança do SPD com o estatuto de salvador, e considerado um possível rival de Angela Merkel, o antigo presidente do Parlamento Europeu conhece um fim abrupto e humilhante, assinala a agência noticiosa France-Presse (AFP).

Após o SPD ter registado nas legislativas de setembro o pior resultado eleitoral (20,5%) desde 1945, Martin Schulz assiste hoje à fratura do seu partido sobre a oportunidade de voltar a aliar-se uma vez mais à direita para governar, e a uma contínua descida nas intenções de voto.

Uma última sondagem Insa publicada hoje no Bild atribui ao SPD 16,5% das intenções de voto, muito próximo do partido de extrema-direta AfD, que regista 15%.

Também se previa que Andrea Nahles assumisse hoje interinamente a liderança do SPD e que apenas fosse tornada oficial através de uma designação durante um congresso na primavera.

No entanto, diversos responsáveis e federações regionais do partido opõem-se e pretendem que Nahles seja submetida a uma votação no congresso do partido para ocupar o posto supremo.

Perante este impasse, a chefia do SPD será ocupada interinamente pelo presidente da Câmara de Hamburgo, Olaf Scholz, que deverá tornar-se ministro das Finanças no futuro Governo liderado por Merkel.

Andrea Nahles deverá ser confirmada na liderança durante o congresso de 22 de abril em Wiesbaden. Hoje, as instâncias dirigentes do SPD propuseram por unanimidade a sua candidatura.

Assim, deverá tornar-se na primeira mulher presidente deste movimento fundado há 150 anos.

Resta saber qual o destino que os 464.000 militantes do SPD vão reservar ao acordo de Governo negociado pela sua direção com os conservadores.

A votação interna sobre esta questão, com resultado incerto, está agendada para 04 de março.