Não demorou muito a resposta de Miguel Pinto Luz a Pedro Santana Lopes. Confrontado com as críticas implícitas de Pedro Santana Lopes — que falou no “chico-espertismo” dos que tentam “condicionar” o líder recém-eleito –, o vice-presidente da Câmara de Cascais foi cáustico: “Todos sabemos a velocidade com que Santana Lopes apoia e deixa de apoiar líderes. Não é nada de novo”.
“Já todos sabemos que quando Santana Lopes discorda ou pede clarificações é liberdade e coragem. Quando são outros, já é divisionismo e tentativa de condicionamento“, desvalorizou Pinto Luz, em declarações ao Observador.
Na intervenção que fez, e sem nunca mencionar Miguel Pinto Luz, Pedro Santana Lopes lembrou aqueles que escrevem “cartas” antes do congresso e depois são menos assertivos do que prometiam. Perante estas críticas, o ex-presidente da distrital do PSD/Lisboa reconheceu que o “tom” da sua intervenção foi diferente, mas insistiu que o conteúdo foi precisamente o mesmo que o da carta. E voltou a lançar-se a Santana Lopes. “Como lhe disse: quando Santana Lopes discorda é coragem; quando são outros já é divisionismo“.
A determinada altura do discurso, Santana Lopes chegou mesmo a sugerir que faltou coragem a Miguel Pinto Luz para criticar Rio em pleno Congresso. Confrontado com as efetivas diferenças entre o tom da carta aberta que enviou ao líder e o discurso que fez este sábado, o homem de confiança de Carlos Carreiras garantiu que não lhe faltou coragem e defendeu-se com as condicionantes de falar a partir do púlpito. “Estamos em congresso, há um limite de tempo e é um formato diferente. Numa carta podemos explanar de outra forma todas as temáticas“, explicou-se.
O ex-líder da distrital do PSD/Lisboa desafiou publicamente Rui Rio com uma carta aberta em que traçava uma série de linhas vermelhas para o novo líder do partido. A iniciativa caiu mal entre os apoiantes de Rio, que acusaram Miguel Pinto Luz de procurar protagonismo artificial depois de ter fugido das eleições internas. Nas semanas que antecederam a reunião magna do PSD, Pinto Luz chegou mesmo a acusar Rui Rio de estar a tentar “fazer do PSD um novo Bloco e um novo PCP”. A intervenção que fez no 37º Congresso do PSD, no entanto, ficou muito aquém da expectativa gerada.
Sem nunca concretizar a sua disponibilidade para avançar com uma futura candidatura à liderança do partido, Miguel Pinto Luz preferiu não falar abertamente de um cenário de derrota eleitoral — e consequente demissão de Rui Rio — em 2019. Mas não deixou de sugerir o que faria se estivesse no lugar de Rio. “Não é isso que hoje se coloca. Mas a nossa obrigação é ganhar. Já perdi eleições e tive que apresentar a demissão. Mas não é isso que me move. Desejo as maiores felicidades a Rui Rio”, rematou Miguel Pinto Luz.
“A sombra só incomoda os fracos”, disse Montenegro a Rio (e outras cinco sombras do líder)