O ataque que ocorreu no Sul de França, na manhã desta sexta-feira, já foi reivindicado pelo Estado Islâmico. O atirador, Redouane Lakdim, de 26 anos, acabou por ser abatido pelas autoridades depois de ter sequestrado de várias pessoas, num supermercado, perto de Carcassonne, a 700 km de Paris. Na sequência do ataque, morreram três pessoas além do atirador e cinco ficaram feridas. O canal de televisão francês BFM TV avançou que o sequestrador exigiu a libertação de Salah Abdeslam — o único sobrevivente dos terroristas envolvidos nos ataques do Estado Islâmico em Paris, em novembro de 2015, que fizeram 130 mortos.

Mas afinal, quem é Salah Abdeslam? Logo após os ataques de Paris, as autoridades francesas divulgaram publicamente os traços do terrorista mais procurado daquele momento. Abdeslam era um homem alto — 1,75 metros –, de olhos castanhos, que nasceu na Bélgica, mas tinha nacionalidade francesa.

Naquele ataque, Abdeslam fazia-se acompanhar de outros dois terroristas. Destemidos, de cara destapada e armas automáticas nas mãos, dispararam sobre clientes de um bar e de um restaurante — Le Carillon e Le Petit Cambodge, respetivamente; seguiram depois para o Café Bonne Bière e o massacre continuou. Mais tarde, chegaram ao restaurante La Belle Equipe e voltaram a matar. Abdeslam foi o único sobrevivente dos três terrorista e conseguiu fugir. Os outros dois fizeram-se explodir. Em fevereiro desse ano, este homem já tinha sido identificado pelas autoridades belgas, que suspeitavam que tivesse uma eventual ligação à rede de terrorismo, contudo não estava registado como membro de qualquer grupo radical islâmico.

Quatro meses depois do ataque, o Observador escrevia que o responsável por aquele massacre, e único sobrevivente entre os terroristas, tinha sido detido na Bélgica. Em tribunal estava já diferente. A barba outrora curta apresentava-se agora comprida, tal como o cabelo. Durante a primeira sessão do julgamento, foi peremptório: recusou-se a levantar perante a juíza e disse que não ia responder ao interrogatório. “O meu silêncio não faz de mim um criminoso, é a minha defesa”, afirmou Abdeslam. A sua captura foi celebrada com efusão, porém, poucos dias depois seguiram-se os atentados suicidas na capital belga, no aeroporto internacional de Zaventem e na estação de metro de Maalbeek, que fizeram 35 mortos, e que as autoridades pensam terem sido precipitados pela captura daquele que era o homem mais procurado desde os ataques de Paris.

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Na altura em que Abdeslam foi extraditado para França, onde foi depois julgado, Sven Mary, o advogado do terrorista descreveu-o como uma pessoa imbecil.

[Salah Abdeslam] Tem a inteligência de um cinzeiro vazio, é de um vazio abissal. É o exemplo perfeito da geração GTA [Grand Theft Auto] que acredita que vive dentro de um jogo de consola. Perguntei-lhe se alguma vez tinha lido o Corão, coisa que eu pessoalmente fiz, e ele respondeu-me que tinha lido uma interpretação na internet. Para mentes simples, a internet é perfeita, é o máximo que consegue compreender”.

Foi em abril de 2016 que foi entregue pelas autoridades belgas às autoridades francesas, altura em que foi acusado por um juiz francês de homicídio e de associação com um grupo terrorista.