Temos um avião para apanhar e os alertas do Google estão confusos: há a hora antiga, a hora nova e a hora do continente. Parece que algures, durante estes dias, passámos por uma fissura no espaço-tempo que nos fez perder o norte magnético e a integridade cronológica.

Vejamos: o festival durou cinco dias mas parece que estamos aqui há semanas, as mudanças do clima indicam que já passámos por várias estações do ano e as alterações ao perímetro abdominal, provocadas pela comida açoriana, fazem-nos questionar se não passaram uns anos desde que aterrámos em Ponta Delgada.

Os concertos de sábado também serviram para aumentar a nossa desconfiança de que há por aí adulterações nas ondas gravitacionais e uma ou outra racha no tecido do Universo. A começar pelos Zulu Zulu, conjunto espanhol de aspecto alienígena-tribal que fez estremecer o Raiz bar, no centro de Ponta Delgada. E a terminar com o concerto desconcertante de Lone Taxidermist, projecto que se dedica à promoção do látex enquanto roupa de palco.

O Arco 8 recebeu o espectáculo mais estranho deste Tremor e nós ficámos com novo material para os nossos pesadelos. (Um pormenor: o microfone tinha uma mão decepada como elemento decorativo e a vocalista vestiu um fato feito de luvas da loiça insufladas). Os Ermo também trouxeram as canções do seu planeta e deram um concerto que nos ficou na retina — porque a luz strobe a pode ter danificado permanentemente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Antes, houve Parkinsons a trepar paredes no Solar da Graça, Dead Combo a dar um ar da sua graça e os Boogarins a agraciar-nos com um concerto perfeito.

O Tremor acabou oficialmente com La Flama Blanca, disc jockey que passou a canção “Subtilezas Porno-Populares” dos Ex Votos. Acho que não é preciso dizer mais nada sobre esse final de noite.

O Observador viajou a convite da Azores Airlines, da Visitazores e do Neat Hotel Avenida.