Depois de 30 anos à frente da Vogue, Anna Wintour pode estar de saída da direção da revista. A notícia está a ser avançada pelos meios de comunicação internacionais, que citam alegadas “reestruturações” no grupo Condé Nast, à qual pertence a conhecida revista de moda.

Segundo adianta a publicação Page Six, várias fontes da revista disseram que Wintour, de 68 anos — ao comando da Vogue desde 1988 — vai deixar a revista nos próximos meses, mais precisamente no verão, “depois do casamento da filha, Bee Schaffer, com Francesci Carrozzini”, o filho da ex-editora da Vogue italiana Franca Sozzani.

Até agora, a Condé Nast negou a saída de Wintour. O porta-voz do grupo, Joe Libonati disse à Page Six que “nega esses rumores”, tendo declinado comentar a situação ou adiantar quais são os planos da ainda editora da revista, e, desde 2013, a diretora artística do grupo. A imprensa especializada indica como provável sucessor, Edward Enninful, editor da Vogue no Reino Unido.

Outro dos fatores que pode estar em cima da mesa na eventual saída da histórica diretora da Vogue é mudança na direção do grupo Condé Nast. Em outubro do ano passado morreu Si Newhouse e a Page Six revela rumores que indicam que o presumível sucessor, Jonathan Newhouse, “não gosta do poder que Anna tem” no grupo. A Condé Nast também não comentou esta situação.

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Por outro lado, o grupo de media também está a reduzir despesas, devido a uma revisão das contas da empresa, tendo fechado algumas duas das suas publicações como a Teen Vogue, Self e Details.

11 coisas que pode não saber sobre a imperatriz da moda

Ainda que para muitos seja difícil imaginar a Vogue sem Anna Wintour, dentro do grupo Condé Nast os diretores das principais revistas têm mudado. No ano passado, Graydon Carter, à frente da Vanity Fair durante 25 anos, foi substituído por Radhika Jones, e Cindi Leive, da Glamour, foi trocada por Samantha Barry.

Outra das polémicas em torno da possível saída de Anna Wintour surge na sequência da grande entrevista que a diretora da Vogue vai, alegadamente, dar ao New York Times, e que segundo adianta a Page Six já está “garantida”, depois de o jornal norte-americano ter feito o mesmo com Graydon Carter e Cindi Leive. Ainda assim, a Page Six salienta que com a “vasta rede de contactos” de Anna Wintour, depressa será convidada para um bom cargo no mundo da moda em Inglaterra, como por exemplo na liderança do grupo British Fashion Council.

Desde cedo que Anna Wintour teve aulas de moda, através de um programa na Harrods onde ingressou quando tinha 16 anos, em 1966. Quatro anos mais tarde, começou a carreira em jornalismo de moda na publicação Harpers & Queen.

Antes de ser editora-chefe da Vogue, Anna Wintour passou pela revista erótica Penthouse, onde escreveu artigos que “iam ao encontro das fantasias mais profundas das mulheres, explorando a sua sexualidade” e fez entrevistas com personalidades conhecidas do mundo da beleza e da moda. Em 1983 começou a trabalhar na revista Vogue, e em 1988 tornou-se editora-chefe da publicação.

Saída não está confirmada, mas já há reações

Apesar de nem a Vogue, nem a Condé Nast nem a própria Anna Wintour confirmarem os rumores, há já quem diga que a atual líder da revista de moda é “insubstituível”. No site Quartzy Quartz é possível ler um texto em que a jornalista Jenni Avins escreve que Anna Wintour tornou-se uma “força política que se mantém sem rival na indústria da moda”.

“Com todo o respeito a Edward Enninful, [Anna] Wintour nunca vai ser substituída — por ele ou por qualquer outra pessoa. O poder que ela tem na Vogue — a influência cultural, financeira e política — não vai ser possível ter um editor semelhante, por muito talentoso, decidido, conectado ou assustador que seja”, escreveu a jornalista. “Quem quer que substitua Anna Wintour nunca vai ser seguido como ela é”, acrescentou.

No site Evening Standard, a jornalista Chloe Street vai mais longe e diz que o dia em que a diretora da Vogue abandonar a revista “vai ser o equivalente, no mundo da moda, à mudança do presidente dos Estados Unidos da América, ou a eleição de um novo Papa”. “É difícil imaginar o mundo das semanas da moda ou da imprensa ligada à moda sem Wintour como o seu guia”, referiu Street.