A campanha para as eleições legislativas antecipadas de 12 de maio em Timor-Leste está a decorrer tranquilamente com as forças políticas a apostarem em comícios em que o ‘currículo revolucionário’ dos líderes é enfatizado, segundo observadores de um organismo norte-americano.
Esta é uma das conclusões da equipa de observadores do International Republican Institute e da USAid que está em Timor-Leste a acompanhar as eleições legislativas e que se tem deslocado pelo país a acompanhar alguns dos atos de campanha.
O IRI é uma das poucas instituições internacionais com observadores ao longo de toda a campanha, com outras instituições limitadas pelo facto de a votação não ter sido prevista e, como tal, não ter sido orçamentada. Esse é o caso da União Europeia, por exemplo, que teve uma equipa significativa de observadores nas eleições do ano passado mas que, este ano, será representada apenas por dois elementos.
Numa análise da primeira semana, a que a Lusa teve acesso, a equipa do IRI, refere que o ambiente dos primeiros dias da campanha tem sido de “tranquilidade e ordem” com “muita competitividade” entre as forças políticas. Os observadores notam que os comícios são o principal método de campanha, somando-se ainda encontros comunitários de menor dimensão e ações porta-a-porta em vários pontos do país.
“As mensagens dos partidos enfatizam as suas credenciais revolucionárias do período da ocupação [indonésia] ainda que, comparativamente a eleições anteriores, sejam mais focadas em políticas públicas e as respetivas plataformas”, referem os observadores.
As principais autoridades eleitorais, Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), estão “vigilantes” e beneficiam da experiência dos seus funcionários, ganha nas eleições do ano passado.
As forças de segurança mostram-se “confiantes de que o ambiente da campanha continuará a ser pacífico e seguro”, referem ainda os observadores. Recorde-se que este é o quarto processo eleitoral em Timor-Leste em 18 meses, depois de eleições locais no final de 2016, eleições presidenciais em março de 2018 e legislativas em julho do ano passado.
A análise dos observadores baseia-se na participação de nove eventos partidários, oito encontros com responsáveis políticos, 14 com responsáveis eleitorais, sete com as forças de segurança e quatro com a sociedade civil.
As eleições foram convocadas pelo Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, que decidiu dissolver o parlamento para desbloquear o impasse político que o país vivia, depois de o Governo minoritário ver chumbado o seu programa e Orçamento retificativo.
Quatro partidos e quatro coligações — o menor número de sempre — candidatam-se às eleições em que participam um número recorde de eleitores: cerca de 787 mil, mais 23 mil que em 2017. A campanha, que começou a 10 de abril, decorre até 9 de maio antes de dois dias de reflexão e da votação, que decorre entre as 7h00 e as 15h00 de 12 maio.
A nível nacional, vão ser instaladas um total de 1.151 estações de voto divididas por 876 centros de votação, a que se somam nove no estrangeiro, na Austrália, Coreia do Sul, Portugal e Reino Unido. Do voto sairão os 65 deputados da 5ª legislatura de Timor-Leste, país que viu restaurada a sua independência a 20 de maio de 2002 e que, desde aí, já teve sete governos.