Separados por breves minutos e poucos quilómetros de distância, Rui Rio, presidente do PSD, e Fernando Negrão, presidente do grupo prlamentar do PSD, manifestaram posições diferentes sobre a noticiada reposição que o Governo estava a fazer dos cortes salariais nos gabinetes dos ministros e staff político. Um na sede do partido, na Lapa, o outro na Assembleia da República, em São Bento, desfinaram no tom, levando mesmo Fernando Negrão a admitir, depois de confrontado com a dissonância, que pensavam “de forma diferente”.
“Eu vejo isso com preocupação, a despesa pública é que deve estar controlada, o primeiro a dar o exemplo deve ser o Governo, e portanto discordamos profundamente dessa medida. O Governo nos últimos anos funcionou com esse corte, podia continuar a funcionar assim”, disse Fernando Negrão quando questionado pelos jornalistas no final da reunião do grupo parlamentar do PSD sobre a notícia desta quinta-feira do jornal Público.
Fim do corte de 5% nos salários dos gabinetes políticos gera discórdia
Acontece que, minutos antes, questionado sobre o mesmo tema, Rui Rio tinha feito afirmações no sentido contrário, dizendo que se a ideia é acabar com todos os cortes então que se acabe também com esses: “Se a política do Governo for acabar com todos os cortes no tempo da ‘troika’, não tenho nada a opor a que se acabem com todos os cortes mesmo”. Rio disse não ter sido informado previamente pelo Governo sobre esta pretensão e escusou-se a fazer mais comentários para não dispersar a atenção do tema que escolheu para esta semana, a saúde.
De acordo com o jornal Público, o Governo fez um decreto preliminar que estabelece que a redução de vencimento prevista desde 2010 para os membros dos gabinetes dos políticos, em geral, será progressivamente eliminada desde janeiro deste ano até 2019. Segundo o jornal, a partir de janeiro, os funcionários dos gabinetes dos membros do Governo (incluindo os governos regionais), de apoio pessoal dos presidentes e dos vereadores das câmaras municipais, presidente da Assembleia da República, do primeiro-ministro e do secretário-geral do Parlamento vão reaver 5% do seu salário que tinha sido cortado em 2010.
Confrontado com esta dissonância, Fernando Negrão não se alongou: “Então penso de forma diferente” de Rui Rio, disse apenas.