O segundo dia de greve dos médicos paralisou por completo “várias unidades” e a “maioria dos blocos operatório” registou uma “paragem da atividade na ordem dos 90% “, segundo os sindicatos, que acusam o Governo de “inqualificável insensibilidade”.

“Contrapondo a este enorme descontentamento dos médicos perante a situação atual da Saúde, assiste-se à inqualificável insensibilidade do Ministro da Saúde, do Ministro das Finanças e do Primeiro-Ministro que não aceitam as múltiplas propostas sindicais para negociar”, lê-se num comunicado conjunto do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), divulgado esta quarta-feira.

Segundo as duas estruturas sindicais, o segundo dia de greve dos médicos, que decorre esta quarta-feira, registou uma “expressiva adesão” à greve, “com várias unidades com adesões de 100%, maioria dos blocos operatórios com paragem da atividade na ordem dos 90% e unidades dos cuidados de saúde primários com adesão superior a 80%”. Face aos números da greve, os sindicatos acusam o Governo de “inqualificável insensibilidade” às reivindicações destes profissionais, acusando o executivo de não negociar.

“De facto, nunca tinha acontecido uma não negociação como a que se tem verificado nos últimos dois anos por parte do Ministério da Saúde, sem contrapropostas às propostas do SIM e FNAM ou sequer atas das reuniões. Um dos argumentos recorrentes do Ministério da Saúde é que não há dinheiro para implementar as medidas propostas pelos sindicatos sejam elas quais forem. No entanto, ao mesmo tempo são injetados milhares de milhões de euros nos bancos, dos quais 450 milhões em 2018 só para o Novo Banco e são gastos 120 milhões de euros com empresas de trabalho médico temporário”, criticam os sindicatos.

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No documento contestam ainda o “subfinanciamento da saúde” e alertam para a necessidade de investimento, apelando aos médicos para que na quinta-feira, último dia da greve nacional em curso, voltem a aderir ao protesto. No primeiro dia de greve a paralisação dos médicos registou uma adesão entre os 85% e os 95%, segundo as estruturas sindicais.

A greve nacional de médicos teve início às 00h01 de terça-feira e termina às 23h59 de quinta-feira, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”. A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação.

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes. Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

A paralisação nacional afeta sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, ou cuidados paliativos em internamento.