A direção do Metro de Lisboa informou, esta sexta-feira, que prevê ter 52 estações com acessibilidade plena em 2023, durante uma ação de sensibilização do Presidente da República para os obstáculos enfrentados pelas pessoas com mobilidade reduzida. O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, estava acompanhado por membros da Associação Salvador e outros cidadãos com deficiência motora, em cadeiras de rodas, num passeio pela Baixa de Lisboa, que incluiu uma paragem junto a uma das entradas da estação de metro dos Restauradores.

Participou também nesta iniciativa, que durou cerca de uma hora e meia, a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, a primeira governante cega em Portugal. Junto à estação dos Restauradores, estiveram presentes o secretário-geral do Metro de Lisboa, Luís Vale, e o diretor de clientes, Miguel Rodrigues, e este último deu explicações sobre o ponto da situação nesta empresa de transportes públicos que, alegou, “está acima de qualquer metro europeu ao nível de acessibilidade das suas estações”.

“Isto não resolve o problema, portanto, não é uma resposta, mas é apenas uma nota relativamente à acessibilidade”, ressalvou. Confrontado com o caso de um jovem que não frequenta a universidade porque algumas estações não são acessíveis, Miguel Rodrigues lamentou que o Metro de Lisboa ainda não tenha “as 56 estações completamente dotadas de elevadores e, portanto, com acessibilidade plena”.

“Temos 38, neste momento. Temos um plano até 2020 de mais seis, entre elas, a Cidade Universitária, e até 2023 de mais oito. Portanto, até 2023 teremos 52 das 56 estações com acessibilidade plena”, adiantou. O dirigente do Metro de Lisboa foi então questionado sobre o facto de já ter terminado, em fevereiro do ano passado, o prazo de dez anos estabelecido para o cumprimento do regime de acessibilidades aprovado em 2006.

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“A lei previa dez anos, pois”, salientou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Miguel Rodrigues defendeu que o Metro de Lisboa “não estará com certeza a violar a lei” e argumentou que “tem havido algumas exceções à própria lei, que têm permitido ao Metro apresentar este plano e ir cumprindo este plano”. “Não com a celeridade que todos nós gostaríamos, infelizmente, mas dentro daquilo que é o plano”, completou.

Por outro lado, sustentou que “as obras são complexas e, portanto, não é possível fazer todas as obras necessárias num espaço de tempo muito reduzido”. “Sabe o que é que é complexo? Estar numa cadeira de rodas”, observou um dos membros da Associação Salvador. O dirigente do Metro concordou de imediato que “foi uma má escolha de palavra”.

O chefe de Estado confrontou-o também com a queixa de que muitos elevadores não funcionam, o que se torna uma dificuldade adicional. “Nós temos alguns mecânicos que por vezes têm avarias, quer avarias técnicas, quer por motivo de vandalismo. Temos uma taxa média de avarias dos equipamentos mecânicos de cerca de 4%. Mas, infelizmente, são nos mais utilizados”, respondeu Miguel Rodrigues.

Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu-lhe pelo seu esclarecimento e a comitiva seguiu em direção ao Rossio, mas continuou a falar do tema. “Então, teve dez anos, mas agora diz que precisa de mais dez anos para adaptar, não todas, mas uma parte delas?”, contestou um dos membros da Associação Salvador, fundada por Salvador Mendes de Almeida em 2003, que tem como missão promover a integração das pessoas com deficiência motora.

A secretária de Estado Ana Sofia Antunes assinalou que o regime de 2006 estabeleceu um prazo de dez anos e “não acontecia nada” a quem não cumprisse as normas, mas agora, com a lei aprovada em 2017 pelo atual Governo, quem não cumprir “pode ser objeto, efetivamente, de coimas”. “É a diferença”, acentuou.