A nova administração da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) liderada por Carlos Tavares decidiu, “numa ótica de prudência acrescida“, rever os resultados que tinham sido apresentados em fevereiro pela administração anterior (liderada por Félix Morgado). Os lucros foram, afinal, de 6,4 milhões de euros — e não mais de 30 milhões como tinha sido apresentado no início de fevereiro. A revisão dos resultados deveu-se, sobretudo, a uma contabilização de imparidades de crédito maiores do que a anterior administração tinha feito.

O ajustamento das imparidades deveu-se à avaliação que fizemos (em conjunto com a comissão de auditoria e com os auditores), de alguns dossiês de crédito numa ótica de prudência acrescida”, explicou Carlos Tavares num encontro com jornalistas em Lisboa. A anterior administração tinha apresentado lucros de 30,1 milhões, que comparavam com os prejuízos de 86,5 milhões de euros de 2016.

Se nos resultados divulgados em fevereiro (provisórios e não auditados) havia 138 milhões de euros em imparidades de crédito, os números agora divulgados são mais conservadores: quase 161 milhões de euros em imparidades de crédito. Não se trata de um alargamento da base de créditos em que foram registadas imparidades mas, sim, de um reforço do grau de imparidade nos mesmos ativos, explicou o presidente da comissão executiva do Montepio, que entrou em funções a 21 de março de 2018.

Carlos Tavares acrescentou, na conversa com jornalistas, que os resultados demonstram que “o Montepio tem rácios de capital confortáveis. Tanto quanto possamos antecipar, não será necessário reforçar o capital [além da emissão de dívida subordinada]”.

O banco tem um plano de capital em que tem de ter a garantia de que tem capital suficiente para desenvolver a sua atividade. E isso depende do montante de capital e dos ativos. Se conseguirmos melhorar a estrutura do balanço — ter menos imóveis, por exemplo, menos créditos não-performantes — podemos ter um balanço com ativos ponderados mais baixos sem que precise de mais capital. É claro que se me perguntarem se eu gostava de ter acionistas ricos, que até aceitassem não ser remunerados, eu diria claro que sim, mas não é isso que nós pretendemos. Pretendemos ter o capital necessário e remunerá-lo adequadamente, a médio prazo”.

Na nova versão dos resultados, o produto bancário mantém-se nos mesmos 505 milhões de euros, mas os resultados líquidos caem sobretudo devido ao efeito das imparidades. Ainda assim, numa mensagem do conselho de administração, considera-se que estes resultados “refletem um desenvolvimento positivo da Caixa Económica Montepio Geral no difícil contexto que continua a caracterizar o mercado bancário nacional e internacional”.

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