As notícias vão caindo em catadupa em torno do Sporting: a desconfiança de Jorge Jesus em torno da suposta ligação de Bruno de Carvalho ao ataque da passada terça-feira na Academia (com alegadas provas que estarão do lado do treinador); a notícia que a Polícia Judiciária do Porto suspeita que poderia haver um “saco azul” no clube depois de ter encontrado 60 mil euros no cofre do gabinete de André Geraldes; as imagens que provam a entrada de um veículo em Alcochete depois da invasão para retirar do local os líderes dessa iniciativa. Pelo meio, e num cenário que o Observador tinha levantado após a ausência no auditório Artur Agostinho, o vogal Bruno Mascarenhas apresentou a demissão. Ou seja, o Conselho Diretivo verde e branco, único órgão que resiste após a avalanche de demissões (16), está preso por um fio. Ou melhor, dois.

Das várias pessoas que fomos contactando, existem algumas dúvidas em relação aos estatutos que fazem toda a diferença no momento de contabilizar os elementos necessários para manter o quórum: uns asseguravam que seriam necessárias duas demissões para que a Direção do Sporting caísse, outros garantiam que bastaria apenas uma. No entanto, confirma-se que serão mesmo necessárias duas baixas para isso e, dentro do cerco que tem envolvido Bruno de Carvalho e os seus pares mais resistentes, existem dois nomes que têm sofrido grande pressão para apresentarem a demissão: Luís Gestas e Luís Roque.

Nesta altura, os membros que resistem são o presidente Bruno de Carvalho, o vice Carlos Vieira e os vogais Rui Caeiro, Luís Roque, Luís Gestas, Alexandre Godinho e José Quintela, depois da saída do vice António Rebelo, dos vogais Luís Loureiro, Jorge Sanches e Bruno Mascarenhas e da vogal suplente Rita Matos. Estiveram também presentes na conferência Guilherme Pinheiro, administrador executivo da SAD, e Fernando de Carvalho, único membro do Conselho Fiscal e Disciplinar. Quem são então e o que fazem em termos de clube os nomes que, caso apresentem a demissão, levam o clube para eleições?

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Carlos Vieira. A cara das finanças do clube e da SAD. É licenciado em Administração e Gestão de Empresas e tem mestrado e pós-graduações em Gestão e Gestão e Organização Industrial, além de ser membro efetivo da Ordem dos Economistas e da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas. Passou pela PriceWaterhouse e pela Vodafone, foi professor universitário e, além das responsabilidades em Alvalade, é administrador delegado de várias sociedades do Grupo Ensinus.

Rui Caeiro. Assim, como Carlos Vieira é o braço direito de Bruno de Carvalho em termos financeiros, Rui Caeiro representa o mesmo papel para as modalidades, sobretudo desde que Vicente Moura apresentou a demissão, há sensivelmente um ano. Licenciado em Gestão e Engenharia Industrial e com outras especializações e programas avançados neste campo, passou por diversas áreas de gestão em empresas como Optimus, Exel, Oniway, DHL ou CTT. No início era apenas vogal da Direção, tendo depois passado para a Comissão Executiva da SAD. É dos elementos mais próximos ao presidente leonino.

Alexandre Godinho. Entrou na lista de Bruno de Carvalho como vogal responsável pela área do património com Vítor Ferreira (o primeiro elemento de uma lista do atual presidente a sair, ainda antes do final do primeiro mandato) e mantém-se nesse papel, sendo também o advogado do presidente verde e branco em alguns processos como por exemplo, e mais recentemente, a queixa contra André Ventura, comentador da CMTV e ex-candidato à Câmara de Loures.

José Quintela. Vogal para a Comunicação, Reputação e Marca, perdeu esta quinta-feira o vice-presidente que também tinha essa pasta, António Rebelo. Acompanha também Bruno de Carvalho desde início e tem, entre outras responsabilidades, pastas como as plataformas de comunicação do clube (TV, site, jornal e redes sociais). Licenciado em Relações Públicas e Publicidade, mestre em Comunicação Integrada e doutorando em Comunicação, desempenha funções nas áreas da marca e comunicação das organizações e é consultor e professor do ensino superior.

Luís Gestas. Entrou no atual elenco diretivo como suplente mas acabou por passar para vogal nas últimas eleições, ficando com uma das pastas que maior desenvolvimento teve no Sporting nos últimos anos: o desporto adaptado. Está ligado ao Partido Socialista (PS) e esteve envolvido, entre outras funções, nas últimas campanhas do partido em Loures.

Luís Roque. Começou por surgir nas listas de Bruno de Carvalho em 2013 como vogal da pasta financeira que tinha Carlos Vieira como vice-presidente mas foi começando a ter outras áreas no Sporting, como a organização do congresso The Future of Football ou a exploração e desenvolvimento de outros projetos a nível internacional, nomeadamente a nível de parcerias envolvendo o alargamento das Academias Sporting pelo mundo ou a prestação de know how no futebol de formação.