O Governo de Espanha impediu a nomeação dos ministros propostos pelo independentista Quim Torra para compor a Generalitat (governo da Catalunha), classificando a proposta de Torra como “uma provocação”. A decisão abre agora uma situação incerta, já que legalmente Torra terá de governar com os ministros colocados por Rajoy nas pastas aquando da aplicação do Artigo 155.
Em causa está a inclusão dos nomes de Josep Rull (ministério do Território e Sustentabilidade), Jordi Turull (Presidência), Lluís Puig (Cultura) e Toni Comín (Saúde). Os dois primeiros estão detidos, enquanto Puig e Comín se mantêm exilados em Bruxelas. Sobre todos pendem acusações de má gestão de fundos públicos e rebelião, exceto no caso de Comín, que está acusado de má gestão de fundos públicos e desobediência.
A decisão, tornada pública esta segunda-feira através da não-publicação da lista de ministros em Diário Oficial, como relembra o La Vanguardia, já era provável tendo em conta a decisão de Mariano Rajoy ao anúncio de Torra, no passado sábado. O chefe do Governo espanhol classificou a proposta do independentista de “provocação”: “O presidente da Generalitat desaproveitou uma oportunidade de demonstrar a sua vontade de recuperar a normalidade”, disse. “Isto demonstra que a vontade de diálogo expressada na carta que enviou ao presidente do Governo não é sincera.”
Rajoy decidiu então comunicar com os líderes socialistas, Pedro Sánchez, e do Ciudadanos, Albert Rivera, para acordar entre os três a continuidade da aplicação do Artigo 155 — que determina que a gestão da Catalunha continue a ser feita por Madrid — e a rejeição da lista proposta por Torra.
A situação é, contudo, incerta, como admitiram fontes do próprio Executivo central ao El País, que falam numa “dualidade de poderes”. Tudo porque agora Torra se mantém como presidente da Generalitat, mas os seus ministros são os homens e mulheres escolhidos por Rajoy aquando da aplicação do 155.