Na rotunda do Rossio do Levante continuam os espelhos de vários tamanhos de José Pedro Croft, entre a Altice Arena e o Pavilhão de Portugal mantém-se o “Homem Sol”, de Jorge Vieira, uma escultura em ferro com cerca de 20 metros de altura, e entre o Pavilhão de Portugal e o Oceanário continua “Horas de Chumbo”, de Rui Chafes, escultura composta por duas formas cónicas em ferro, com nove metros de comprimento cada uma.
Estas são apenas três das várias obras que surgiram no recinto da Expo’98, uma área à beira rio agora chamada Parque das Nações, e que, até 2015, estiveram sem manutenção. Nesse ano foi anunciada a recuperação de 50 obras, no âmbito de um protocolo entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia do Parque das Nações, que previa a criação de um roteiro, agora disponibilizado em papel nos postos de turismo. O restauro implicou a remoção temporária de algumas das obras, e ainda não foi feito em todas.
A vedação que há meses interditava o Jardim das Ondas, da autoria de Fernanda Fragateiro, situado nas traseiras do Oceanário, foi tirada mesmo a tempo do início das comemorações dos 20 anos da Expo’98, na terça-feira. No entanto, também perto do Oceanário, parte dos Jardins de Água, notoriamente degradada, da autoria da mesma artista, continuava vedada.
Em zonas acessíveis estão, por exemplo, a cortina de água e a escultura de uma girafa, que deveria estar a ver-se ao espelho, mas este elemento não estava no local, aquando da visita da Lusa ao espaço.
A vasta lista de obras, que se mantêm no local 20 anos depois, inclui igualmente as figuras femininas em mármore de João Cutileiro, no lago do Passeio das Tágides, nas traseiras da Altice Arena, e “Cursiva”, escultura verde da autoria de Amy Yoes, onde é possível entrar-se e esconder-se e que, verificou a Lusa no local, deve ser muitas vezes usada como urinol.
“Cursiva”, tal como o painel de azulejos “Haveráguas”, de Roberto Matta, está situada ao pé da Torre Vasco da Gama. Com 140 metros e uma vista panorâmica, aquela estrutura que acolheu, durante a Expo’98, um restaurante de luxo, hoje encontra-se encerrada e tem um hotel acoplado.
Ao longo da Alameda dos Oceanos ainda existem os vulcões de água, com cerca de quatro metros de altura, revestidos a azulejo, mas hoje muitos já não ‘explodem’ como acontecia em 1998.
Se a maior parte das obras de arte pública são evidentes, outras poderão escapar a olhares menos atentos, como a calçada portuguesa ou os bancos e floreiras. Na calçada, ao longo da ala central da Alameda dos Oceanos, estão os “Caminhos de Água”, de Rigo, com figuras marinhas em diálogo, já perto do Oceanário o chão esconde os “Monstros Marinhos”, de Pedro Proença, e, no caminho do Pavilhão de Portugal, ao Oceanário está “A Calçada do Mar Português”, de Xana.
Os bancos e floreiras às riscas, azuis e brancas, vermelhas e amarelas ou vermelhas e azuis, colocados em vários pontos do Parque das Nações, a maioria em zonas de sombra, são obra do arquiteto Carrilho da Graça. Gil, a mascote da Expo’98, também continua presente naquela zona. Dois ‘Gil’, com cinco metros de altura, dão as boas vindas a quem chega ao antigo recinto da exposição mundial pelo lado Norte e pelo lado Sul.
Mas a herança da Expo’98 não se faz apenas de Arte Pública. Entre os equipamentos culturais, que são simultaneamente obras de arquitetos de renome, mantêm-se o Pavilhão da Utopia, agora batizado de Altice Arena, da autoria de Regino Cruz, o Pavilhão de Portugal, de Álvaro Siza Vieira, o Pavilhão do Conhecimento, de João Luís Carrilho da Graça, o Teatro Camões, do Atelier do Risco, e o Oceanário, de Peter Chermayeff.
Durante a exposição, o Pavilhão da Utopia era palco, diariamente, do espetáculo multimédia “Oceanos e Utopias”. Depois disso, tornou-se numa das principais salas de espetáculos do país, tendo acolhido, ao longo dos últimos 20 anos, concertos, mas também iniciativas como a cimeira de tecnologia e empreendedorismo Web Summit e a Cimeira da NATO de 2010.
O Pavilhão de Portugal, na posse da Universidade de Lisboa desde agosto de 2015, acolheu em 1998 a representação portuguesa na exposição mundial. Esta semana soube-se que vai ser reabilitado para receber um centro de congressos, um de exposições e um outro de receção de visitantes internacionais.
Já o Teatro Camões, hoje sede da Companhia Nacional de Bailado, foi palco, em 1998, de 82 sessões de espetáculos dos países que participaram na exposição. O Oceanário de Lisboa e o Pavilhão do Conhecimento, espaço de divulgação científica e tecnológica, mantêm hoje as mesmas funções de há 20 anos.
Embora não seja um equipamento cultural, mas sim uma interface de transportes, quando se fala em Expo’98 e em arquitetura não se pode deixar de fora a Gare do Oriente, um projeto de Santiago Calatrava. A Expo’98 decorreu entre 22 de maio e 30 de setembro de 1998.