Pelo menos 2,5 milhões de pessoas recorreram em 2016 a traficantes para entrarem de forma irregular noutro país, o que se traduziu em lucros de cerca de sete mil milhões de dólares (cerca de seis mil milhões de euros) para os criminosos, segundo as Nações Unidas.

Os dados constam do “estudo global de tráfico de migrantes” publicado esta quarta-feira, em Viena, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (ONUDC), com dados de 2016 e 2017.

O diretor do organismo, Jean-Luc Lemahieu, comentou que este “crime transnacional aproveita-se dos mais vulneráveis entre os vulneráveis”.

“É um crime global que requer uma ação global”, acrescentou o mesmo responsável, na apresentação do relatório, no qual se lê que, além do risco de morte na viagem, quem recorre a estas redes pode sofrer violência, violações, roubos, sequestros, extorsões e serem escravizados laboral ou sexualmente.

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Segundo a ONU, a procura por traficantes é particularmente alta entre refugiados que, por falta de outros meios, recorrem a estes criminosos para chegarem a um destino seguro e para fugirem das zonas de conflito.

Em 2017, registaram-se quase 6.200 migrantes mortos durante a viagem para outro país, tendo 58% morrido em afogamento.

“O assassinato deliberado (de migrantes) regista-se na maioria das rotas de contrabando”, segundo o relatório, sem avançar pormenores.

O ONUDC sublinhou que estes números são “apenas a ponta do iceberg” e que é “muito provável que muitas mortes de migrantes não sejam documentadas, sobretudo nas rotas marítimas não vigiadas, assim como em percursos terrestres remotos ou inóspitos”.

O Mediterrâneo regista o maior número de mortos, enquanto a rota mais lucrativa para os criminosos é na América do Norte, com quase quatro mil milhões de dólares.

Quem mais recorre a redes são jovens homens, mas em algumas rotas do sudeste asiático é elevada a presença de mulheres.

Nas suas conclusões, a ONUDC defende que para contrariar o cenário devem ser disponibilizados mais canais legais de migração em campos de refugiados e países de origem.

Também se sugere uma maior consciencialização dos migrantes sobre as falsas promessas dos traficantes.