Enviado especial do Observador à Rússia (em Sochi)

Fernando Santos já se tinha rido de forma bem expressiva quando, na última pergunta a João Moutinho, tinham questionado se o facto de marcar presença na conferência significava que ia ser titular. E voltou a fazê-lo quando, a meio da sua conferência, foi inquirido sobre a forma como Portugal se ia apresentar contra a Espanha, num 4x4x2 ou num modelo alternativo. “Isso queres saber tu e o treinador espanhol também… Se ele respondesse à mesma pergunta ainda vá, mas como não acredito que o faça… Somos amigos mas não entregamos o jogo, cada um tem a sua estratégia. Gosto da pergunta mas não pode ser”, respondeu.

Não foi a primeira vez que o selecionador nacional falou do novo técnico espanhol como um amigo, mas esta sexta-feira esse sentimento fica de lado. O que não quer dizer, claro, que Fernando Santos não tenha deixado de colocar de lado qualquer tipo de comentário ao período de grande turbulência vivido pelo adversário de amanhã. Até mesmo numa provocação que chegou dos jornalistas: e se fosse convidado para um grande clube a dois dias do arranque do Mundial, aceitaria?

“Amanhã vai ser a estreia de Portugal e da Espanha, que tem um conjunto de enormes jogadores. Do outro lado vai estar o Hierro, de quem sou amigo, e só não lhe posso desejar boa sorte para o nosso jogo mas, a partir daí, espero que faça uma boa competição. O resto não vale nada para este jogo: a Espanha quer vencer e acredita nisso, Portugal quer vencer e acredita nisso”, destacou, relegando também para segundo plano as estreias em grandes competições sem vitórias desde 2008 (no Europeu que Portugal venceu, tudo começou com um empate frente à Islândia: “História é passado, o que importante é o presente e isso é amanhã. Temos qualidade, queremos ‘matar’, entre aspas porque não gosto da expressão, esse registo, é o objetivo: acabar com isso”.

Quem vai treinar amanhã é o Hierro mas a Espanha já joga da mesma forma há dez anos e não espero nenhuma surpresa. As estratégias estão montadas e não há nada mais do que isso”, salientou o técnico.

Sobre o jogo em si, descrito logo no arranque da conferência por Fernando Santos como “um clássico entre dois países que têm muito em comum, a começar por fazerem fronteira, e com duas equipas de enorme qualidade”. “É tradicionalmente um dos clássicos do futebol mundial, entre conjuntos que querem ganhar. A Espanha é um adversário fantástico, com jogadores de enorme qualidade e uma forma de estar no jogo consolidada que não sofrerá alterações. Procurámos trabalhar as mais valias e as menores valias, porque não existem equipas perfeitas, e estamos preparados, confiantes sem presunção”, frisou, sem, contudo, assumir que este será o principal encontro na fase de grupos da competição que arrancou esta quinta-feira.

“Não sei se será o melhor mas tem tudo para ser um grande jogo: ambiente bom, estádio bom, público bom, mais uma vez com Portugal a ter milhões nas praças nacionais e também aqui cerca de 1.500 adeptos como a Espanha que também trará um forte contingente. O primeiro jogo do Mundial é sempre mais difícil em todos os aspetos mas tem tudo para ser um bom jogo e que Portugal vença”, comentou, prosseguindo mais à frente: “Não sei se chegaremos a 100% depois de uma época desgastante, com muitos jogos, muitas competições… Queremos e fizemos tudo para ter a equipa física e mentalmente nas melhores condições possíveis para este primeiro jogo, onde irá defrontar um grande adversário”.

Por fim, a inevitável pergunta sobre Ronaldo e a habitual elogio a Ronaldo, um líder a vários níveis: “O Cristiano é um extraordinário capitão e jogador, que vocês espanhóis conhecem bem porque joga no vosso Campeonato. Tem uma influência decisiva como capitão, em campo, no treino, no estágio mas, como ele diz e bem, mais importante do que ele ou eu somos nós”.

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