O kwanza angolano sofreu na segunda-feira a segunda depreciação face ao euro este mês, acumulando uma perda já superior a 35% desde a aplicação do regime flutuante cambial, em janeiro, com taxas de câmbio formadas nos leilões de divisas.
Esta depreciação, que foi mais acentuada em janeiro e que em fevereiro desceu para um ritmo de quase 1% por semana, foi confirmada pela Lusa com cálculos feitos a partir das taxas cambiais oficiais do Banco Nacional de Angola (BNA), de 1 de janeiro e de 19 de junho.
A taxa de câmbio média do euro cifra-se nos 285,5 kwanzas, quando a 1 de janeiro era de 185,40 kwanzas, o que representa uma depreciação de 35,1% no espaço de menos de meio ano. Já o dólar norte-americano é cotado à taxa média de 242 kwanzas, quando a 1 de janeiro valia 165,92 kwanzas, uma depreciação, neste caso, de 32%.
A atual taxa de câmbio oficial foi formada após o último leilão de divisas, realizado na segunda-feira, conforme informou o BNA, permitindo a colocação de 50 milhões de euros, para “cobertura geral de operações” deste ano.
Nesta sessão, em que contribuíram para o apuramento da taxa de câmbio as propostas de 17 bancos participantes no leilão — no âmbito do novo regime flutuante cambial, iniciado a 9 de janeiro –, o euro passou a valer (na compra pelos clientes) 285,50 kwanzas, correspondente a uma depreciação de 1,43% da moeda angolana, o valor mais alto desde abril.
No leilão de divisas realizado na segunda-feira, o 26.º do género em 2018, voltaram a ser aplicadas as regras anunciadas no final de janeiro pelo governador do BNA, José de Lima Massano, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro.
A 18 de janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo — em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas — foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.
Na reação, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da “margem máxima” sobre a taxa de referência — ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio –, “não pode ser superior nem inferior a 2%”.
“Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2%, não mais, não menos”, avançou o governador do BNA, no final daquela reunião. No modelo cambial anterior, até 9 de janeiro, a cotação era fixada diretamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, mas passou então a ter moeda europeia como referência para o mercado nacional.