Minuto 88 do Portugal-Espanha: Ronaldo disse, como tantas vezes, “eu estou aqui”. Em livre frontal com a baliza de De Gea, o melhor do mundo colocou a régua e o esquadro nos pés. A bola saiu bonitinha em direção às redes espanholas ditando o empate em que poucos já acreditariam. Foi a loucura em Sochi. Todos os jogadores portugueses saíram disparados para a bandeirola de canto e, já fora das quatro linhas, festejaram abraçados. Todos menos um. José Fonte — pelas imagens parece ser ele — trava o movimento do corpo perante o alerta de Raphael Guerreiro e fica dentro de campo. Quer saber porquê?

Tudo aconteceu à luz das regras da FIFA que determinam que para uma partida reatar depois de um golo, “todos os jogadores devem encontrar-se no seu próprio meio campo”. Ora, os que estão fora das quatro linhas não contam; e Rui Patrício estava na sua baliza, ou seja, no meio campo português. Dito de outra forma, se este último atleta também tivesse passado a linha, a partida poderia ser reatada de imediato. Ficando, como ficou, no meio campo adversário, o jogo não pôde recomeçar. No fundo, José Fonte — continuamos a admitir que seja ele — não festejou o golo para que Portugal não corresse o risco de sofrer outro.

Mas há mais: é que não é a primeira vez que algo parecido acontece na história do futebol. Na final do Mundial de 2010, Andrés Iniesta marcou, ao minuto 116, o golo que faria Espanha levantar o caneco diante da Holanda. O filme repete-se: os jogadores saem disparados para fora do campo para festejar. Desta vez saíram todos — com exceção de Casillas, que ficou na sua baliza, tal como Rui Patrício. Mas houve um, Marchena, que até estava no banco, e que correu rumo ao terreno de jogo para impedir que os holandeses iniciassem a reposição de bola. O árbitro ficou atordoado, sem perceber o que fazia um suplente no retângulo de jogo; enquanto isso, Espanha ganhou tempo. Puyol foi o primeiro a regressar às quatro linhas e Marchena voltou ao banco. O próprio jogador viria a explicar o episódio mais tarde. Moral da história: tão importante como a forma de marcar um golo, pode ser a forma de o celebrar.

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